Alta-costura em Paris. A fusão perfeita a preços milionários
Há quem visite Paris para namorar, apreciar arte ou comida, mas há também quem o faça para gastar muito, muito dinheiro. Aliás, quem assistiu à Semana da Moda na capital francesa, entre 24 e 28 de janeiro, onde se exibiram as mais exuberantes e dispendiosas peças de alta-costura do mundo, sabia de antemão que não gastaria menos de 40 mil euros por uma combinação para o dia-a-dia. Se, pelo contrário, estivesse à procura de um vestido mais trabalhado (daqueles que demoram largas centenas de horas a elaborar), 200 mil foi a quantia média a desembolsar.
Ao lado, vemos algumas das mais caras criações do mundo, que percorreram as passerelles da cidade-luz na semana passada. Destaque para um dos vestidos da coleção "Eco-luxe", que Karl Lagerfeld criou para a Chanel, feito de organza (tecido fino de seda) e com aplicações de ouro, cristais e madeira. Foram precisas cerca de 530 horas para atingir a perfeição, ou não fosse o designer alemão um dos mais aplaudidos do certame. "O desfile da Chanel foi um exemplo de artesanato, do que a moda deve ser ao mais alto nível", frisa Susanna Lau, autora de um dos mais conceituados blogues da indústria, Style Bubble.
Quanto às propostas do estilista italiano Valentino sobressaiu uma, em especial, inspirada na ilustre bailarina Martha Graham. Apesar da aparente leveza e simplicidade, a peça em tons de dourado, composta por organza e tule, exigiu a dedicação de seis costureiras ao longo de 60 dias. Mais: toda a coleção de Valentino, apresentada no último dia do evento, conseguiu a proeza de transformar "vestidos em sonhos para o corpo", segundo palavras do jornal The New York Times.
Também a italiana Donatella Versace manteve a fasquia elevada nas passerelles parisienses, combinando na sua coleção primavera/verão 2016 aquilo a que muitos designers aspiram: sensualidade e alta-costura. A sua peça mais extravagante, exibida no corpo da modelo Joan Smalls (uma das estrelas do mais recente desfile da Victoria"s Secret), distinguiu-se não só pela fogosa cor laranja mas também pelo incomum corte na zona do umbigo. As pequenas lantejoulas de dois milímetros, aplicadas à mão para dar um aspeto brilhante, e as malhas entrelaçadas feitas com cristais Swarovski pediram cerca de cem horas de trabalho. E foram necessárias mais 80 para montar o vestido.
Esta Semana da Moda em Paris terá sido especialmente dispendiosa para os amantes dos estilistas italianos, tendo em conta que entre as peças mais caras, e juntando-se às já referidas de Valentino e Versace, está também uma de Giorgio Armani. O visual "cascata" - como descreve o jornal britânico The Times - em tons de lilás incorpora 35 metros de organza e esconde nada mais, nada menos, do que 400 horas de trabalho por parte de cinco costureiras. Não só essa peça mas todo o espectáculo "Armani Privé" mereceu um dos mais efusivos aplausos do evento.
Outra das peças que mais brilhou pertence à griffe "da casa", a Dior, cuja nova coleção quis manter o estilo jovem, moderno e elegante a que a marca francesa já habituou. O vestido descaído nos ombros (tendência transversal às restantes peças), com várias camadas sobrepostas a um top de seda, precisou da magia de mãos de cinco profissionais e de 140 horas de completa devoção.
Nesta semana em que Paris trouxe os milionários às compras, conclui o The Times que "o dinheiro fala mais alto do que as palavras". "A alta-costura, mais ainda."