Começou a vacinação contra a covid-19. "Um dia de alento e esperança", diz Costa

Às 10h07 foi vacinado o infecciologista António Sarmento, no Hospital de São João, no Porto, o primeiro a receber a vacina em Portugal.

António Sarmento, diretor do serviço de infecciologia do Hospital de São João, no Porto, recebeu a primeira vacina contra a covid-19 "tranquilo, confiante, otimista" - nervosismo só com o aparato mediático em torno deste momento inaugural do processo de vacinação. Foram apenas alguns segundos que terminaram com aplausos, nomeadamente da ministra da Saúde, presente no momento em que a enfermeira Ana Isabel Ribeiro - que também será vacinada este domingo - administrou a primeira vacina ao infecciologista de 65 anos.

"O risco não é zero, mas não é zero para nenhuma medicação nova", disse depois António Sarmento, manifestando confiança na vacina que começa agora a ser administrada em todos os Estados-membros da União Europeia. Alguns efeitos secundários são perfeitamente normais, como o são noutras vacinas, defendeu o médico, que trabalha há 42 anos no Hospital de São João - "A História diz-nos que as vacinas são seguríssimas".

António Sarmento lembrou também que a "Humanidade fez um esforço nunca visto quer económico, quer científico, para chegar a esta vacina" e sublinhou que "deixar-se vacinar tranquilamente é uma forma enorme de ajuda à comunidade e à humanidade".

Ana Isabel Ribeiro, a enfermeira que administrou a vacina, falou em "esperança" naquele que "tem sido talvez o ano mais difícil das nossas carreiras".

Costa. "Há dias que ficarão para sempre nas nossas memórias"

O início da vacinação foi assinalado este domingo também pelo primeiro-ministro. "Há dias que ficarão para sempre nas nossas memórias", escreveu António Costa, apontando este domingo como "um dia de alento e esperança".

"Como previsto, arrancou o processo de vacinação, que nos ocupará durante meses e que nos obriga a manter todos os cuidados. Mas é um dia de alento e esperança que nos dá força para continuar a trabalhar com a mesma determinação", assinala o primeiro-ministro. Costa continua em isolamento profilático em São Bento, depois de ter almoçado com o presidente francês, Emmanuel Macron, um dia antes de este ter testado positivo à covid-19. O teste de António Costa deu negativo, mas ainda assim o líder do Executivo ficou em isolamento, que terminará esta semana, na próxima quarta-feira,

Marta Temido. Uma "escolha pragmática"

Um "momento cheio de simbolismo", um momento "de esperança" que "simboliza a capacidade que tivemos de trabalhar em conjunto".

Marta Temido, ministra da Saúde, falou também poucos momentos depois de ter sido administrada a primeira vacina, dizendo que foi a união que permitiu chegar a esta fase. Marta Temido lembrou, no entanto, que é preciso manter todos os cuidados contra a covid-19. "É muito aquilo que ainda temos que enfrentar, o inverno ainda mal começou", disse a ministra da Saúde, sublinhando que " há muitos desafios" pela frente para o SNS.

Sobre a escolha dos profissionais de saúde para receber as primeiras vacinas, Marta Temido disse que foi uma "escolha pragmática num momento que é apenas um primeiro momento de uma fase". "Recebemos vacinas ontem [sábado] e vamos receber mais vacinas amanhã [segunda-feira] e nas quatro semanas de janeiro. Estimamos que nessas semanas de janeiro passemos das vacinações a profissionais de saúde para as vacinações a estruturas residenciais para idosos", referiu a ministra da Saúde.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, falou à RTP para dizer que hoje é um "dia importante", mas sublinhando que é preciso continuar a manter todos os cuidados para evitar a disseminação da covid-19.

Miguel Guimarães, que integra a equipa de transplante renal do Hospital de São João e, por isso, será também um dos profissionais da unidade hospitalar vacinados este domingo, apelou aos portugueses para que não tenham medo de se vacinar.

O primeiro dia da vacinação ou "o fim do princípio"

Em Lisboa, no Hospital de Santa Maria, eram 10h30 quando a médica internista Sandra Braz se tornou a primeira profissional de saúde a ser vacinada.

No Hospital Curry Cabral, também em Lisboa, o médico Fernando Nolasco foi o primeiro a receber a vacina. "Não é o fim, não é o princípio do fim, é o fim do princípio", afirmou, em direto na RTP3, citando Winston Churchil. À Lusa, o médico internista e nefrologista disse que o início da vaciação é" um sinal de esperança, é um sinal de tranquilização, mas simultaneamente é um sinal de alerta" para não se pensar que "a vacina resolve o problema".

"A vacina ajuda a resolver o problema, dá-nos mais segurança, e uma capacidade que precisamos de ter para resolver a situação porque nada vai ultrapassar as medidas de cuidado, proteção, de uso de máscara, porque são fundamentais em relação à transmissão do vírus", defendeu o especialista.

Fernando Nolasco disse ainda que "foi uma sensação de honra e de surpresa" ter sido escolhido para ser o primeiro a receber a vacina no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, que integra os hospitais Curry Cabral, D. Estefânia, Capuchos, Santa Marta e Maternidade Alfredo da Costa.

"Não estava nada à espera de ser o primeiro. Represento de alguma maneira a área de Medicina Interna que é uma área, a par da infecciologia, que tem estado mais diretamente envolvida no tratamento dos doentes e penso que foi nesse sentido que fui posto como representante de todos aqueles que vão ser vacinados e que têm estado envolvidos continuamente nesta luta diária permanente 24 sobre 24 horas", sublinhou.

Segundo o centro hospitalar, vão ser vacinados 801 profissionais de saúde no Curry Cabral e outros 801 no hospital de S. José.

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