"Perigo de fuga". Suspeitos da morte de Luís Grilo em prisão preventiva

Rosa Grilo e António Joaquim foram detidos esta semana. Estão indiciados pela prática dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e detenção de arma proibida. Defesa admite recorrer das medidas de coação
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Rosa Grilo e António Joaquim ficam em prisão preventiva. Os dois suspeitos do homicídio do triatleta Luís Grilo foram interrogados ao longo de sexta-feira e sábado, tendo sido conhecida ao início da tarde de sábado a medida de coação que lhes foi aplicada, determinou o Tribunal de Vila Franca de Xira.

A mulher, viúva da vítima, e o homem, seu alegado cúmplice, que segundo a PJ manteriam uma relação amorosa, estão indiciados pela prática dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e detenção de arma proibida.

A advogada dos dois suspeitos admitiu hoje que poderá vir a impugnar a decisão judicial que aplicou a medida de coação de prisão preventiva aos alegados homicidas do desportista. Apesar de "não concordar" e não se conformar com a medida mais gravosa aplicada a Rosa Grilo e a António Joaquim, Tânia Reis disse "compreender" a situação.

Na sua opinião, os dois suspeitos deviam ter ficado em liberdade, embora sujeitos a apresentações periódicas às autoridades, considerando que esta medida de coação mais leve "acautelava todas as necessidades" que o tribunal entende necessárias para o decurso do inquérito.

Tânia Reis revelou que os dois arguidos prestaram declarações durante o interrogatório judicial no Tribunal de Vila Franca de Xira, sem precisar, contudo, se responderam a todas as perguntas sobre os factos que lhe são imputados e que configuram os crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e posse de arma ilegal.

Durante o interrogatório, disse ainda a advogada, foram apresentadas as "provas indiciárias" relativas aos crimes em causa.

Após ter sido determinada a aplicação de prisão preventiva, a advogada requereu que o arguido António Joaquim cumpra aquela medida de coação numa "cela isolada", devido ao facto de ser funcionário judicial.

Rosa Grilo e António Joaquim chegaram ao tribunal perante o olhar de dezenas de populares, tendo havido vaias e insultos.

Tânia Reis disse aos jornalistas, na noite de sexta-feira, que o interrogatório de Rosa Grilo terminara ainda naquele dia; no sábado, foi interrogado o alegado cúmplice da mulher do triatleta, que foi dado como desaparecido mas cujo corpo foi encontrado com um tiro na cabeça. Ambos foram detidos na quarta-feira à noite pela PJ.

Em comunicado divulgado neste sábado após a inquirição dos arguidos, o tribunal de Vila Franca de Xira refere que se verificam os perigos constantes no artigo 204 do Código de Processo Penal (CPP) que justificam a aplicação da prisão preventiva, a mais gravosa das medidas de coação, previstas no CPP.

A nota do tribunal adianta ainda que existe "perigo de fuga, perigo de perturbação do decurso do inquérito (mormente na vertente de aquisição, conservação e veracidade da prova) e perigo de perturbação da ordem e da tranquilidade pública (atentendo à natureza dos ilícitos em causa e a visibilidade social que a prática daqueles crimes implica)".

Reunidos todos estes pressupostos e verificados os elementos objetivos e subjetivos da prática dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e posse de arma proibida, o tribunal decidiu aplicar a prisão preventiva aos arguidos enquanto decorre o inquérito-crime, dirigido pelo Ministério Público.

Luís Grilo, de 50 anos, residente na localidade das Cachoeiras, no concelho de Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa, desapareceu em 16 de julho.

O corpo do triatleta foi encontrado com sinais de violência e em adiantado estado de decomposição mais de um mês depois do desaparecimento, no concelho de Avis, distrito de Portalegre, a mais de 130 quilómetros da sua casa.

O cadáver estava perto de Alcôrrego, num caminho de terra batida, junto à Estrada Municipal 1070, por um popular que fazia uma caminhada na zona e que alertou o posto de Avis da GNR para esta ocorrência.

Antes, o telemóvel da vítima tinha sido encontrado nos Casais da Marmeleira, a seis quilómetros de casa, já no concelho de Alenquer.

Segundo a PJ, Luís Grilo foi morto com um tiro na cabeça, acrescentando que a arma de fogo já foi recuperada, bem como outros elementos de prova.

"A investigação apurou que os factos terão ocorrido no passado dia 15 de julho, tendo a vítima sido atingida por um disparo de arma de fogo na caixa craniana, o qual lhe terá provocado a morte", indicou a PJ em comunicado divulgado na quinta-feira.

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