Sintra já gastou mais de 14 milhões de euros com a pandemia
O investimento da Câmara Municipal de Sintra para responder à pandemia de covid-19 supera, até agora, os 14 milhões de euros, prevendo a autarquia que este número seja ultrapassado em 20 milhões de euros até ao final do ano, com apoios nos próximos meses na área da educação, com a abertura do ano letivo, e no reforço da capacidade das urgências do Hospital Amadora-Sintra para o outono e inverno.
Embora esteja previsto um investimento para reforçar a capacidade das urgências do hospital que serve o concelho com cerca de 400 mil habitantes, a autarquia já disponibilizou um milhão e 500 mil euros com destino a esta unidade hospitalar, "nomeadamente para a compra de ventiladores e de um TAC", refere o documento.
No total, foram investidos até agora mais de quatro milhões na área da saúde, mais concretamente quatro milhões e 484 mil euros.
A autarquia considera "quase certo" mais investimento na área da saúde relacionado com um possível agravamento da pandemia de covid-19 no outono e inverno, diz ao DN Basílio Horta, presidente da autarquia. "Isso leva-nos por um lado a manter todas as medidas que temos vindo a tomar para controlo da pandemia, mas a acrescentar medidas de apoio hospitalares".
Nesse sentido, Basílio Horta refere que no próximo dia 9 de setembro a câmara vai ter uma reunião com a ministra da Saúde, Marta Temido, tendo em vista a preparação para um possível agravamento da pandemia entre setembro e dezembro. "Há dois aspetos que não podemos deixar de obter, primeiro é o alargamento do serviço de urgência e a garantia de que se houver necessidade de novos internamentos hospitalares, além da capacidade do Amadora-Sintra, termos, no mínimo, 30 camas garantidas para os munícipes de Sintra. No caso de haver necessidade de internamentos fora do Amadora-Sintra, os munícipes de Sintra saibam para onde vão", detalha Basílio Horta.
Ou seja, a autarquia pretende garantir, pelo menos, 30 camas reservadas para Sintra caso o Amadora-Sintra chegue ao limite da sua capacidade nos internamentos. "Se o Estado tiver meios para este excesso de despesas, a câmara ficará dispensada de o fazer. Agora se em termos orçamentais o Estado não tiver previsto esta despesa, a câmara vai ter de o fazer em conjunto com o Estado", explica o autarca. "É claro que será sempre o Ministério [da Saúde] a equipar e a garantir o pessoal de apoio, médico e de enfermagem", esclarece.
Basílio Horta explica que fisicamente a urgência do Amadora-Sintra não pode ser alargada e, por isso, vai ser necessária a instalação de um equipamento adicional, que custa "700 mil euros e equipá-lo custa mais 400 mil euros". E as camas deverão "custar à volta de um milhão e tal de euros, acrescenta. Este conjunto de investimentos deverão rondar os 3,5 milhões de euros, refere ainda o autarca. "Não seremos nós a pagar tudo, mas estamos disponíveis para contribuir".
Uma despesa que se insere nos mais de 20 milhões de euros que Sintra conta gastar até ao final do ano com a pandemia de covid-19. Para isso vai contribuir também o investimento com a educação, tendo em conta a abertura do ano letivo.
"Sintra é o concelho do país com o maior número de alunos. Vamos ter 47 mil alunos a regressarem às aulas e, portanto, nós tivemos que fazer um conjunto de medidas, relacionadas com equipamentos de proteção individual para os alunos, professores, os assistentes operacionais", diz Basílio Horta referindo-se ainda que a autarquia vai continuar a distribuir kits de refeição a alunos e pais, "no período de aulas e fora de aulas".
Os equipamentos de proteção individual e os kits de refeição representam "aproximadamente 500 mil euros de investimento", diz o autarca.
Há ainda possíveis apoios adicionais da autarquia. "Nós temos dois veículos equipados com máscaras, com álcool gel e com pessoas de enfermagem que vão junto das estações, correm o concelho todo. Só estes veículos já distribuíram 350 mil máscaras. Não sei quanto é que vão distribuir até ao fim. Para termos em stock, vamos comprar dois milhões de máscaras", disse o autarca sobre um investimento que deve representar cerca de "300 mil euros".
Desde o início da pandemia, a autarquia investiu 1 milhão e 785 mil euros "na compra de máscaras de proteção individual ou equipamento de proteção individual", refere em comunidado. Nos testes de rastreio, Sintra gastou 223 mil euros e nos "produtos de desinfeção, higienização e limpeza já foram investidos 677 mil euros".
O município liderado por Basílio Horta fez um investimento de dois milhões e 820 mil euros na área da solidariedade social, sendo que foi reforçado o fundo de emergência social "com mais um milhão de euros", tendo a autarquia apoiado "corporações de bombeiros, as instituições desportivas e culturais".
Seis milhões e 576 mil euros é a verba que o município afirma ter investido "na área da economia e apoio às famílias".
Neste âmbito, diz a autarquia, "a redução do preço da fatura da água, para as empresas e famílias, implicou um investimento de 4 milhões de euros". Já o fundo de emergência empresarial "disponibilizou 1 milhão e 225 mil euros e o município de Sintra abdicou de impostos e taxas num valor superior a 1 milhão de euros".
Devido à crise causada pela pandemia de covid-19, o município refere que "apoiou ainda associações de turismo e táxis com 175 mil euros".
Sobre a situação epidemiológica no concelho, e ainda sem conhecer os dados mais recentes, Basílio Horta refere que Sintra tem 520 casos ativos ativos em cerca de 400 mil habitantes. "Há um mês chegamos a ter 1.600 casos ativos. Tem havido uma forte redução", afirmou o autarca, acrescentando que a situação na comunidade "está controlada".
O DN contabilizou os gastos diretos feitos pelas autarquias, através da análise de 358 contratos públicos com a designação covid-19, e concluiu-se que as câmaras já gastaram, pelo menos, 31 milhões de euros na resposta à pandemia até agosto.