Santo António. Casamentos gay são possíveis, só não houve candidatos
As uniões de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros (LGBT) são permitidas nos Casamentos de Santo António, em Lisboa, mas até à edição deste ano nunca foram apresentadas candidaturas durante o período de inscrição para a cerimónia civil que, tal como a religiosa, decorreu esta quarta-feira.
Esta questão foi levantada pelo jornal Público que noticiou não serem permitidos casamentos de gays nesta iniciativa icónica das festas de Lisboa e que são sempre realizados na véspera do Dia de Santo António, um padroeiro popular da cidade, tal como sucedeu hoje com a celebração de 11 cerimónias religiosas e cinco civis.
Contactada pelo DN a autarquia garante que não existe nenhuma discriminação no regulamento que fica disponível em conjunto com a ficha de inscrição, que este ano decorreu entre 4 de janeiro e 11 de março. No documento, onde se pede o nome da noiva e do noivo, são elencadas as regras de participação que passam pela obrigação de pelo um dos noivos residir em Lisboa, estarem em situação legal para casar, aceitarem dar entrevistas, serem filmados e participarem numa entrevista prévia à escolha dos participantes nos casamentos.
Em lado nenhum do regulamento é feita referência à impossibilidade de casais LGBT participarem nesta iniciativa o que, aliás, sendo que o casamento entre pessoas do mesmo sexo é permitido por lei desde 2010 e as uniões apenas no registo civil são possíveis nos Casamentos de Santo António desde 1997. O Público recorda que em 2001 foi realizado um casamento muçulmano na Mesquita Central de Lisboa.
Em 2018, segundo a PORDATA, num total de 34637 casamentos em Portugal 637 foram entre pessoas do mesmo sexo.
A tradição que começou em 1958, durou até 1974 e voltou 30 anos depois, quando a Câmara Municipal de Lisboa decidiu retomar esta iniciativa.