Várias dezenas de pessoas manifestaram-se este sábado, no Rossio, em Lisboa, contra atitudes racistas e discriminatórias e xenófobas, cometidas por vezes por instituições, lembrando vários casos de agressões por parte das forças de segurança.."Portugal é um país racista, sempre foi um país racista. Lembremo-nos que em 2015 tivemos jovens que foram agredidos na esquadra de Alfragide e o julgamento ainda está a decorrer. O racismo existe a nível institucional, estrutural e ao nível do povo", disse à Lusa Lúcia Furtado, da DJASS - Associação de Afrodescendentes, uma das muitas associações organizadoras da mobilização..Lúcia Furtado deu como exemplo de atitudes racistas o modo como os africanos são retratados nos meios de comunicação social e a forma como a História é ensinada na escola.."Queremos chamar a atenção para este fenómeno e queremos que o povo e as instituições comecem a reconhecer o racismo. Isto não é um ataque a ninguém, nem à população, é um problema da sociedade, algo estrutural", explicou..A ativista chamou ainda a atenção para a má aplicação da lei da nacionalidade, dizendo que a maioria das pessoas não tem noção de que muitos jovens que nasceram em Portugal não são portugueses e não têm direito à nacionalidade..A deputada do Bloco de Esquerda Isabel Pires também esteve presente na concentração, porque, disse, "em Portugal existe um problema de racismo e está na hora de falar sobre ele".."O direito à habituação é muitas vezes sonegado a determinadas franjas da sociedade. Há racismo institucionalizado, como sejam os casos de violência policial ou o desigual acesso à saúde, por exemplo", afirmou a deputada, reiterando que "o problema existe e tem de ser admitido e debatido e têm de existir propostas que o combatam"..Segundo o Bloco de Esquerda, o racismo é crime, mas não está a ser punido como tal e, referiu Isabel Pires, "assiste-se muitas vezes a casos de violência policial, assédio na rua e no local de trabalho que continuam impunes"..O PCP também esteve solidário com a mobilização. Para a deputada Rita Rato, "as lutas antirracista e contra a discriminação são inseparáveis da luta por um país mais justo".."Portugal mantém traços de racismo institucionalizados e não institucionalizado e há que combatê-lo, nomeadamente quando no nosso país e por toda a Europa crescem forças fascistas e neofascistas que importa combater", declarou..A lei que estabelece o Regime Jurídico da Prevenção, Proibição e Combate à Discriminação em razão da origem racial e étnica, cor, nacionalidade, ascendência e território de origem está em vigor desde agosto de 2017.