Há 26 dias que não havia um número tão baixo de doentes nos cuidados intensivos

O boletim da DGS indica mais 4720 novos casos e 82 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas. 25 pessoas receberam alta dos hospitais e 486 estão nos cuidados intensivos.
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Portugal registou mais 4720 novos casos e 82 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas de acordo com os dados do relatório de situação da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta quarta-feira (16 de dezembro).

Em comparação com o dia anterior, foram contabilizadas mais 2082 infeções e menos duas mortes.

Desde o início da pandemia, foram confirmados 358 269 casos em Portugal e 5815 óbitos por covid-19.

No boletim há ainda o registo de menos 25 pessoas em enfermaria (são agora 3181) e menos 20 doentes nos cuidados intensivos (486). Na prática, os serviços de saúde registam um ligeiro alivio, destacando-se o facto de há 26 dias que as unidades de cuidados intensivos não registavam um número tão baixo de utentes internados. Há ainda mais 3681 recuperados (são já 283 719 desde o início da pandemia).

Apesar de alguma melhoria nos hospitais, em todo o país há mais 957 casos ativos, totalizando agora 68 762, enquanto as autoridades de saúde mantêm 74 290 contactos em vigilância, ainda assim, menos 282 que no relatório de terça-feira.

Refira-se que 79% dos óbitos por covid-19 registados em Portugal nas últimas 24 horas foram nas regiões norte (35 mortes) e Lisboa e Vale do Tejo (30).

No norte foram ainda contabilizadas mais 2182 novas infeções, enquanto na zona de e Lisboa foram atingidos os 1375 casos nas últimas 24 horas.

Na região centro foram detetados 840 novos casos e 14 óbitos por covid-19, enquanto no Alentejo houve mais 177 casos e duas mortes e o Algarve teve 95 infeções e um óbito.

Nas regiões autónomas não se registaram perdas de vidas, mas nos Açores houve mais 36 infetados e na Madeira mais 16.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou entretanto para o risco de uma terceira vaga da pandemia da covid-19 na Europa em 2021, recomendando o uso de máscaras durante reuniões familiares no Natal.

"Os encontros devem ser em espaços exteriores, se possível, e os participantes devem usar máscaras e manter a distância física. Em espaços interiores, deve limitar-se o tamanho dos grupos e assegurar boa ventilação para reduzir o risco de exposição [ao novo coronavírus], recomendou o departamento europeu da agência das Nações Unidas em comunicado.

Alerta ainda que "apesar de um progresso frágil" na contenção de novas infeções, "a transmissão da covid-19 continua ampla e intensamente e há um grande risco de uma nova vaga nas primeiras semanas e meses de 2021".

Desde o início da pandemia, o distrito de Bragança registou 77 óbitos associados à covid-19, mais de 80% dos quais de utentes de lares de idosos, a maioria em apenas uma instituição.

A Santa Casa da Misericórdia de Bragança teve o maior surto do distrito, com 28 mortes, que representam perto de metade das 64 conhecidas em lares e mais de um terço do total de óbitos em toda a região somado pelas autoridades de saúde.

Os números "batem certo com as características da população idosa da região", onde 30% dos cerca de 125 mil habitantes têm mais de 65 anos, acima da média nacional de 20%, e os mais debilitados dos mais velhos estão concentrados no número elevado de lares que existem neste território, na análise de Fernando Pereira, professor/investigador do Instituto Politécnico de Bragança.

O investigador tem-se dedicado a estudar o envelhecimento e está agora a escrever um artigo, com mais duas colegas, Helena Pimentel e Cristina Teixeira, sobre o impacto da covid-19 nas Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI). O artigo tem um foco mais global e baseia-se em publicações científicas de várias partes do mundo relativas à primeira vaga da pandemia do novo coronavírus.

"No caso destas instituições, a taxa de mortalidade é muito grande e os nossos números são perfeitamente idênticos ao se passa aqui ao lado em Espanha ou nos Estados Unidos da América", afirmou à Lusa.

De acordo com os dados que recolheu, os lares representam "20 a 30%" do número global de infeções com uma taxa de letalidade de "10%" e concorrem para "entre 30 a 66% do total de óbitos".

Os lares do distrito de Bragança estão abaixo da média em relação ao peso no número global de infeções, tendo em conta que a região soma, desde o início da pandemia, 4 372 casos, cerca de 700 dos quais entre utentes e funcionários destas instituições, que representam 16% do total.

Já em relação aos óbitos, ultrapassa as médias com mais de 80% do total registados em, pelo menos, 12 dos mais de cem lares existentes no distrito de Bragança e confirmados pelas direções. O que mais pesa nos números é o surto da Misericórdia de Bragança, já sanado, que é também a que tem o maior número de utentes e funcionários na região, com 28 óbitos, enquanto as restantes instituições registaram entre uma e oito mortes, entre os utentes.

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