Criou um perfil de Facebook falso indicando ser um adolescente, mas na verdade tinha 31 anos. Pedia amizade a raparigas entre os 12 e os 14 anos e começava a comunicar com elas, chegando ao ponto de trocar mensagens de teor sexual e de lhes pedir fotografias. A situação só foi detetada porque a mãe de uma jovem se apercebeu do teor das mensagens que alguém andava a trocar com a filha de 12 anos e desconfiou de que não seria da idade dela. Fez queixa à Polícia Judiciária que investigou o IP do suspeito e descobriu que, afinal, tinha 31 anos e que trocava muitas mensagens com outras jovens..O caso ocorreu em Vila Franca do Campo, em Ponta Delgada, mas "é transversal ao que acontece em todo o país e até em outros pontos do mundo neste tipo de crimes que envolvem internet e menores", explicou ao DN o inspetor-chefe da PJ dos Açores, Paulo Peixoto. A investigação não levou muito tempo, facilmente chegaram à identificação do suspeito e ao material que guardava de "várias jovens com quem mantinha contactos, trocava mensagens e pedia fotografias", acrescentou. Foi através de uma busca à residência do suspeito, no concelho de Vila Franca do Campo, que a polícia "apreendeu diversos suportes informáticos contendo múltiplos ficheiros com imagens de menores de cariz pornográfico", era referido no comunicado da PJ..De acordo com o último Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), referente ao ano de 2017, o crime de abuso sexual de crianças, adolescentes e menores, em que se inscreve o crime de pornografia de menores, até foi dos que desceram relativamente ao ano de 2016, em cerca de 39%. No entanto, o crime de abuso de menores através da internet continua a ter expressão. Em 2016, dados oficiais referiam também que a cada semana apareciam dez novas queixas. Muitas delas, segundo referiu o inspetor-chefe Paulo Peixoto, chegam à polícia através dos pais ou dos cuidadores das vítimas que se apercebem de algo errado nas relações que os filhos ou outros dependentes têm nas redes sociais..O relatório de 2017, divulgado no final de março deste ano, refere ainda que a maioria dos arguidos é do sexo masculino (96,1%), com idades entre os 31 e os 40 anos, bem como a maioria das vítimas (80,5%). Do total de vítimas só 19,5% são do sexo feminino, ao contrário do que se pensa muitas vezes. As idades das vítimas variam entre os 8 e os 16 anos. Quanto aos arguidos, só 3,9% são do sexo feminino..O suspeito foi presente a um juiz, que decidiu aplicar a medida de coação mais leve, termo de identidade e residência e proibição de contactar as vítimas, indo aguardar em liberdade o julgamento.