Podem ser feitos 4000 testes por dia. Há 165 profissionais de saúde infetados

Entre o SNS e o privado, Portugal tem agora capacidade para realizar 4000 testes por dia, diz o Governo. Vão chegar quatro milhões de máscaras quando já há 165 profissionais de saúde infetados, dos quais 82 são médicos e 37 enfermeiros.
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Numa altura em que existem 165 profissionais de saúde infetados, dos quais 82 são médicos, 37 enfermeiros e os restantes 46 são auxiliares técnicos ou operacionais, Portugal está a aumentar a capacidade de realizar testes de deteção de covid-19 e a fazer compras de mais material de proteção. Segundo o secretário de Estado de Saúde, António Lacerda Sales, atualmente o Serviço Nacional de Saúde (SNS) consegue fazer 2500 testes diários a que acrescem mais 1500 por dia que são feitos por privados.

"Estamos a aumentar a nossa capacidade", assegurou o responsável na conferência de imprensa após a divulgação do boletim epidemiológico desta segunda-feira. O número de mortes subiu para 23, com um total de 2060 casos confirmados, o que significa um aumento de 460 em relação ao dia anterior. Destes apenas 201 doentes estão internados, com 47 a estarem em unidades de cuidados intensivos, disse António Lacerda Sales. O número de doentes recuperados aumentou de cinco para 14.

O número de testes em curso está a aumentar, com a capacidade diária total a ser agora de 4000, entre SNS e privados, segundo os números apresentados. Existe ainda um stock de 20000 testes, entre SNS e privados. Lacerda Sales realçou o empenhamento de vários municípios em desenvolver soluções para a criação de centros para a realização destes testes de deteção da doença.

O material de proteção para os profissionais de saúde é uma das preocupações, com o número de 82 médicos infetados a ser muito relevante, sendo necessário mais material de proteção. António Lacerda Sales adiantou que hoje seguiu um avião para a China e que estão escaladas "nas próximas semanas" outras compras no país asiático onde teve início a pandemia. Vão chegar 2 milhões de máscaras cirúrgicas e outros 2 milhões de máscaras FFP2, além de outro material.

"Percebemos a ansiedade de quem está nos diferentes polos de atuação, mas tem que haver uma gestão criteriosa e este material será distribuído primeiro aos profissionais de saúde e aos doentes com covid-19", frisou o membro do governo.

Graça Freitas, diretora-geral de Saúde, acrescentou que estas compras de material têm sido feitas regularmente e vão continuar a ser executadas consoante as necessidades. "O que temos numa semana dá para essa semana, com um stock de segurança sempre garantido. Depois vamos de novo ao mercado comprar. As compras são dinâmicas", disse a diretora-geral de Saúde.

Caso positivo no navio de cruzeiro

Graça Freitas adiantou que houve um caso positivo nos 39 passageiros que durante a madrugada passada desembarcaram do navio de cruzeiro que atracou no fim-de-semana no Porto de Lisboa, tendo chegado do Brasil. São 27 portugueses e 11 estrangeiros com autorização de residência em Portugal. Foram os únicos a serem testados, esclareceu. Os restantes 1300 passageiros não serão testados. "Só os passageiros que desembarcaram em Portugal é que foram testados", explicou. Os restantes vão começar a ser repatriados para os seus países. Mas "por principio de precaução foram tomadas medidas pelas autoridades competentes, que determinaram medidas de isolamento no navio".

Em relação às situações que atingem lares, com vários casos de contágio como são exemplo os lares de Famalicão e de Sintra, António Lacerda Sales realçou a importância das instituições terem locais de isolamento, que devem estar previstos nos planos de contingência. Admitiu que nem sempre será fácil e apontou que os lares podem recorrer ao voluntariado. "Sempre que necessário podem recorrer a uma bolsa de voluntariado que já existe. Não hesitem."

Em resposta a uma questão sobre a divulgação pública das localidades dos casos positivos, Graça Freitas anunciou que a DGS vai começar a publicar informação mais detalhada sobre a localidade dos doentes infetados com covid-19, sublinhando que há casos isolados em determinadas zonas e que estão protegidos pelo segredo estatístico, isto é a divulgação pode levar à identificação dessas pessoas. Sobre a localização e as cadeias de transmissão, a diretora-geral de Saúde afirma que estão a ser triadas milhares de pessoas e há 12 mil cidadãos em vigilâncias, o que exige um esforço grande da DGS. "Queremos ser mais transparentes e dar mais informação. Dentro de dias, isso vai acontecer." Além de Ovar, há outras localidades que podem ter transmissão comunitária, admitiu Graça Freitas, sem adiantar nenhuma em concreto.

A diretora-geral de Saúde esclareceu também que os doentes oncológicos não serão nunca misturados com os infetados com covid-19. "O plano é este: os IPO recebem os doentes oncológicos de outros hospitais e acontece o inverso se algum caso da doença surgir nos IPO será transferido para os hospitais que tratam os doentes com covid-19."

Sobre a partilha de dados pedida pela comunidade académica e científica, a DGS diz que já há partilha com algumas instituições e admite que essa partilha pode ser alargada. "A regra geral é de dar, é de transparência."

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