General Loureiro dos Santos: "um militar extraordinariamente competente"

Reações à morte do general, este sábado, aos 82 anos

Vasco Lourenço, capitão de Abril:

"Acima de tudo, recordo-o como um amigo, um grande amigo que parte, com o qual tive muitas lutas conjuntas depois do 25 de Abril para que a consolidação da Democracia fosse possível", afirma o tenente coronel Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril sobre o general Loureiro dos Santos, que morreu este sábado.

O capitão de Abril Vasco Lourenço recordou a passagem de Loureiro dos Santos pela 5.ª Divisão do Estado-Maior General das Forças Armadas, "onde começou a envolver-se no processo" político do pós-25 de Abril, e foi membro do Conselho da Revolução. Foi um "militar extraordinariamente competente", que "desempenhou altos cargos, quer no Governo, como Ministro da Defesa, quer nas Forças Armadas, como chefe do Estado Maior do Exército", afirmou ainda.

"O país fica hoje um pouco mais pobre com a partida do general Loureiro dos Santos", concluiu Vasco Lourenço, manifestando ainda a tristeza da associação a que preside pela morte de um dos seus associados.

João Soares, deputado:

o deputado socialista João Soares recordou o general Loureiro dos Santos como um homem "culto e inteligente" que o aconselhou por diversas vezes. "Quando tive responsabilidades na área da defesa, sob a direção de António José Seguro, várias vezes falei com ele, também quando fiz parte do Conselho Superior de Defesa Nacional. Várias vezes me aconselhei com o general, que nunca deixou de, generosa e inteligentemente, me dar o seu conselho", disse à Lusa João Soares.

O deputado socialista recordou ainda Loureiro dos Santos como "um grande militar das Forças Armadas portuguesas" e "um grande militar de Abril", além do seu percurso como membro de dois governos "em circunstancias complicadas", entre 1978 e 1980, dirigidos por Carlos Mota Pinto e Maria de Lourdes Pintasilgo. "Era um homem que estudava as questões que tinham a ver com as nossas Forças Armadas e as questões de geoestratégia internacional", lembrou João Soares, frisando a sua "admiração e respeito" pelo general.

João Gomes Cravinho, ministro da Defesa:

Na sua conta na rede social Twitter, o ministro da Defesa João Gomes Cravinho escreveu que o general Loureiro dos Santos foi uma "figura de referência ímpar no pensamento militar em Portugal" e que "foi fundamental para a transição das Forças Armadas no regime democrático".

Em comunicado, o Ministério da Defesa lamenta, igualmente, a morte do general Loureiro dos Santos, considerando-o "uma referência incontornável" para as Forças Armadas e para a sociedade portuguesa, que transcende o Exército. "É um nome que, pelo seu reconhecimento, perdura nas nossas memórias", lê-se no comunicado do Ministério, que acrescenta que o general Loureiro dos Santos "era um líder com um grande sentido de dever, de lealdade, e de disciplina, uma referência intelectual inspiradora de uma dimensão que vai além do Exército".

Ferro Rodrigues, presidente da AR:

"Foi sempre uma voz muito presente no espaço público, que contribuiu bastante para a difusão de uma cultura de segurança e defesa em Portugal. Espero que o seu legado continue sempre bem vivo no Exército e na sua terra natal de Sabrosa, onde existe um arquivo aberto ao público com o seu nome", escreveu o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, numa nota enviada à agência Lusa.

Ferro Rodrigues recordou o ex-ministro da Defesa Nacional e Chefe do Estado-Maior do Exército como um homem "muito respeitado pelos seus pares e muito admirado pelos portugueses, endereçando à família, aos amigos e ao Exército Português as suas condolências, em nome da Assembleia da República.

António Silva Ribeiro, CEMGFA:

O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) recordou o general Loureiro dos Santos como "uma referência" na sua vida, considerando ser um "dia triste para todos os militares e académicos". "Foi não só um militar brilhantíssimo, mas um intelectual de elevada craveira, a sua morte representa para todos nós, militares, uma grande perda, mas também para a academia em Portugal", disse à Lusa, o almirante António Silva Ribeiro.

Lembrou que o general Loureiro dos Santos, depois de terminar a carreira no Exército, foi professor em várias universidades, entre as quais no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), em Lisboa. "Foi um professor de temas de estratégia, tendo tido uma carreira militar e académica brilhante. Hoje, sem dúvida, é um dia de grande tristeza para todos nós, militares e académicos, que vemos um dos mais brilhantes de todos nós partir", frisou.

O almirante lembrou que Loureiro dos Santos foi para si "uma referência", recordando que nos seus trabalhos, quer de mestrado, quer de doutoramento, a obra do general "esteve sempre presente" dado que tinham interesses académicos comuns nas áreas da teoria da estratégia e do planeamento estratégico. "Interagimos muito os dois. E eu beneficiei imenso daquilo que foram os trabalhos precursores do general nessas áreas de investigação científica no ISCSP", afirmou, lembrando ainda que acabou por ministrar no Instituto, quando enveredou pela carreira académica, algumas cadeiras que haviam sido anteriormente ministradas pelo general.

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