Médico que deixou bebé nascer sem rosto tem quatro processos na Ordem
Um bebé nasceu sem olhos, nariz e parte do crânio, no Hospital de São Bernardo, no passado dia 7 de outubro, depois de a mãe ter realizado ecografias com um obstetra que a seguia numa clínica privada em Setúbal.
Contactada pela agência Lusa, a Ordem dos Médicos diz que o médico em causa tem quatro processos em instrução no conselho disciplinar sul da Ordem.
Os pais do bebé fizeram três ecografias com o médico em causa, sem que lhes tivesse sido reportada qualquer malformação, segundo noticiou o jornal Correio da Manhã.
Só num exame feito noutra clínica, uma ecografia 5D, os pais foram avisados para a possibilidade de haver malformações. Questionaram o médico que os seguia, que lhes garantiu que estava tudo bem, conta o jornal, citando a madrinha do bebé.
O bebé, chamado Rodrigo, completa 10 dias nesta quinta-feira, apesar de o prognóstico inicial lhe dar apenas algumas horas de vida.
As complicações só foram detetadas depois do parto e os pais apresentaram queixa ao Ministério Publico contra o médico. O médico em causa, Artur Carvalho, trabalha no Hospital São Bernardo, em Setúbal, e numa clínica privada que fica junto à unidade hospitalar.
O acompanhamento da gravidez da mãe do bebé que nasceu com malformações no Hospital São Bernardo não foi feito naquela unidade, sublinhou esta quinta-feira o Centro Hospitalar de Setúbal.
"O acompanhamento da gravidez desta utente não foi efetuado no Centro Hospitalar de Setúbal (CHS). Os meios complementares de diagnóstico e terapêutica também não foram realizados no CHS", informou o centro, que integra o Hospital São Bernardo, numa nota.
"Apenas o parto da utente decorreu no CHS, tendo sido no momento detetada a situação", acrescentou o CHS, salientando que, desde o nascimento, no passado dia 07 de outubro, "a criança e a família têm sido acompanhadas no Serviço de Pediatria com o apoio da Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos Pediátricos do Centro Hospitalar de Setúbal".
Segundo outras fontes hospitalares, o obstetra Artur Carvalho, que alegadamente não detetou malformações graves no bebé, trabalha no Centro Hospitalar de Setúbal, mas também exerce numa clínica privada muito próxima do hospital e fez o acompanhamento da gravidez a título particular.