Marta Temido diz que primeiro desafio da vacinação será gerir "escassez" de vacinas

A ministra da Saúde diz que a população tem que ser paciente. Indicou ainda que Portugal tem 529,3 novos casos por 100 mil habitantes.
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A ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou hoje que "o primeiro desafio" na administração da vacina contra a covid-19 vai ser numa primeira fase gerir "alguma escassez" de vacinas.

"Sabemos desde há longos meses que mesmo que tivéssemos uma vacina disponível ela seria sempre num primeiro momento escassa e que o desafio que se colocava era exatamente o de ter uma vacina em quantidades suficientes para a população, designadamente para a população europeia", afirmou Marta Temido na conferência de imprensa sobre a situação da covid-19 em Portugal.

Segundo a ministra, esse desafio da disponibilidade de doses de vacina vem sendo sublinhado "há muito tempo" pela Comissão Europeia.

Nesse sentido, a população tem que "ser paciente" e sobretudo perceber que há passos que não podem ser subestimados nem desvalorizados, designadamente as reuniões técnicas de Agência Europeia do Medicamento que se vão realizar este mês e em janeiro para garantir que todas as vacinas serão "seguras, eficazes e de qualidade".

"Não nos interessa apenas ser os primeiros a ter a vacina interessa-nos ter vacinas de qualidade, seguras e efetivas", sublinhou Marta Temido.

Relativamente às doses contratadas de vacina contra a covid-19, a ministra adiantou que há trabalho que está a ser realizado e que não há "ainda números fechados" sobre a quantidade que vai ser entregue a Portugal na primeira fase.

Questionada sobre se já foram dadas orientações aos centros de saúde de como se devem organizar para a vacinação e se vão ser contratados mais profissionais de saúde, Marta Temido adiantou que estão "a fazer a articulação de meios humanos e, eventualmente, a considerar o reforço não só por profissionais próprios, mas se for necessário por profissionais de outros setores e até voluntários".

Lembrou que o plano inicial passa pela utilização da rede de centros de saúde do Serviço Nacional de Saúde para a primeira fase da vacinação, em que o desafio será o facto de haver "alguma escassez de vacinas".

Os centros de saúde estão habituados a realizar a vacinação e onde há "profissionais que estão absolutamente habilitados, preparados e treinados e têm respondido bem ao longo dos muitos anos de Programa Nacional de Vacinação", defendeu.

"Se tudo correr como planeado e se tudo correr bem, seguir-se-á um momento em que teremos uma muito maior quantidade de doses de vacinas e aí o desafio será o da celeridade da administração e de uma vacinação mais massiva", declarou.

Nesta altura, poderá considerar-se recorrer a mais pontos de vacinação, inclusivamente, pontos de vacinação comunitários, avançou.

Sobre as reações adversas da vacina, Marta Temido disse que têm acompanhado o tema "com muita prudência".

"Evidentemente que sabemos que são aspetos que poderão verificar-se e é importante que sejam tratados com transparência e sejam acompanhados clinicamente no sentido de prevenir repetições e Portugal está a fazê-lo também", assegurou.

A vacina contra a covid-19, que deverá chegar a Portugal já em janeiro, será universal, gratuita e facultativa, e será disponibilizada à população de acordo com as características aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento.

A taxa de incidência de covid-19 em Portugal situa-se nos 529,3 novos casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, o que, segundo a ministra da Saúde, continua a ser preocupante embora próximo de valores mais controláveis. O Risco Efetivo de Transmissão (RT) é de 0,97.

Marta Temido, que falava hoje em conferência de imprensa de atualização da pandemia em Portugal, destacou uma especial preocupação com alguns concelhos do país, nomeadamente na área da Administração Regional de Saúde do Norte que tem uma taxa de incidência de 802 novos casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.

A região Norte é a que regista hoje o maior número de novas infeções por SARS-CoV-2 (2395), totalizando 178 378 casos e 2578 mortes desde março.

Para dar ideia das assimetrias regionais, a ministra referiu o caso do Algarve, em oposição ao verificado no Norte, que tem 202 novos casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.

A ministra da Saúde fez ainda referência ao Risco Efetivo de Transmissão (RT) verificado atualmente em Portugal revelando que se situa em 0,97, ligeiramente abaixo do 1, mas que considera ser necessário descer ainda mais e manter de uma forma sustentada.

Portugal contabilizou hoje 95 óbitos, um novo máximo de mortes relacionadas com a covid-19 em 24 horas e ainda 5080 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Desde o início da pandemia, Portugal já registou 5.373 mortes e 340.287 casos de infeção pelo novo coronavírus, estando hoje ativos 71.266, mais 885 do que na quinta-feira.

Segundo Marta Temido, do total de casos ativos que se registam agora 95, 5 por cento das pessoas estão casa e 4,5 por cento pessoas hospitalizadas.

Relativamente aos internamentos hospitalares, o boletim epidemiológico da DGS indica que estão internadas 3230 pessoas, menos 74 do que no dia anterior, das quais 507 em salas de cuidados intensivos, menos duas do que na quinta-feira.

Marta Temido disse ainda que os novos cálculos apontam que o pico da pandemia na primeira fase foi no dia 23 de março, enquanto nesta segunda fase estima-se que possa ter sido na semana de 20 de novembro, estando o país a assistir agora a uma dilação conhecida entre o número máximo de infeções, o número máximo de utilização da capacidade hospitalar e o número máximo de óbitos que hoje é muito elevado.

Das 95 mortes registadas nas últimas 24 horas, 41 ocorreram na região Norte, 32 na região de Lisboa e Vale do Tejo, 16 na região Centro, duas no Alentejo, outras duas no Algarve, uma nos Açores e outra na Madeira.

A ministra da Saúde alertou ainda para a necessidade do cumprimento das regras alertando que "o vírus é invisível, mas está lá".

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