Pico da pandemia foi em março e cada doente já infeta menos de uma pessoa
O país tem agora, no total, 19 685 casos confirmados de infeção com o novo coronavírus (mais 663 que ontem) e 687 vítimas mortais (mais 30), segundo o boletim da DGS deste sábado. Há menos doentes internados, mas mais seis em cuidados intensivos.
Nas últimas 24 horas, foram confirmados mais 663 casos de covid-19 e morreram mais 30 pessoas em Portugal. Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), desta sábado (18 de abril), há agora no país 19 685 infetados, 687 vítimas mortais e 610 recuperados (mais 91 que ontem).
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Em relação ao número de óbitos, a subida representa um aumento de 4,6% em relação aos dados de sexta-feira. Quanto ao número de casos, esse aumento é de 3,5%.
A ministra da Saúde, Marta Temido, na conferência de imprensa diária, indicou que o risco de transmissibilidade, isto é, a taxa de contágio, é agora de 0,91. "Ou seja, cada caso confirmado gerou em média, face aos dados dos últimos cinco dias, menos de um caso de transmissão", afirmou, indicando que os dados parecem indicar que o pico máximo da incidência tenha ficado no passado, entre os dias 23 e 25 de março.
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"Números que nos encorajam, mas resultados que nos responsabilizam a todos", referiu a ministra, pedindo que sejam mantidas as medidas de proteção aconselhadas pela DGS, nomeadamente o distanciamento social, a higiene respiratória, o isolamento.
Segundo a DGS, estão internadas 1253 pessoas (menos 31 doentes). Em situação mais grave, nos cuidados intensivos, encontram-se 228 infetados (mais seis do que ontem).
Há ainda 5166 pessoas que aguardam os resultados laboratoriais dos testes, mais 361 do que na véspera. Desde 1 de janeiro já houve 162 711 casos suspeitos. Há 25 456 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
"Erradicar a covid-19 não parece possível no curto e médio prazo. Com o esforço de todos está a ser possível trazer o número de novos casos para níveis aos quais o sistema de saúde tem conseguido responder, mas os riscos de recrudescimento mantêm-se e temos que estar preparados para eles", disse Marta Temido
A ministra alega que o país tem que estar preparado para alternar períodos de maior contenção de movimentos com períodos de maior alívio. "Não porque nos enganámos na estratégia, não porque os portugueses estejam a fazer algo de errado, mas à luz do conhecimento disponível essa alternância pode ser mesmo o melhor caminho possível para todos", disse.
"Até descobrirmos uma vacina ou uma cura nada vai voltar a ser como antes. Temos que ter em mente que temos que fazer alguns gestos que antes considerávamos banais, de forma mais prudente ou até adiando-os. Mas ainda não é possível dizer até quanto temos que manter determinadas decisões", indicou a ministra, reiterando que poderá haver alterações nos números de casos mas que o importante é que esse número permita a resposta do SNS.
Norte mais afetado

A região Norte é a que regista o maior número de mortos (393), seguida pelo Centro (157), pela região de Lisboa e Vale Tejo (124), do Algarve (9) dos Açores (4), adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de sexta-feira.
É também a Norte que há mais casos, totalizando 11 762, mais 438 face ao dia anterior, seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo, com 4438 (mais 136), da região Centro, com 2863 (mais 85), do Algarve com 306 (mais um) e do Alentejo com 158 casos (os mesmos da véspera).
Os Açores registam 104 casos de covid-19 e a Madeira 54, um aumento de dois casos em cada um dos arquipélagos em relação aos dados da véspera.
O Porto é o concelho com mais casos, 1040, ultrapassando Lisboa, onde há 1033. Vila Nova de Gaia é o terceiro concelho com mais de mil casos: tem 1005.
Das mortes registadas, 451 tinham mais de 80 anos, 145 tinham idades entre os 70 e os 79 anos, 64 entre os 60 e os 69 anos, 19 entre os 50 e os 59 anos e oito entre os 40 e os 49 anos.
A média de idades de mortes é no país de 81,4 anos (o óbito mais novo foi numa pessoa de 40 anos e o mais velho foi de 102 anos), mas é superior na região centro (83,5 anos), disse a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, que indicou também que independentemente de doenças prévias, Portugal contabiliza como mortos por covid-19 todos os casos que tenham dado positivo.
A maior parte dos óbitos em Portugal ocorrem nos hospitais, disse Graça Freitas, indicando que a média é 84%.
Utentes não devem recear recorrer ao SNS
Em relação a cuidados de saúde não urgentes, a ministra da Saúde disse que vão ser retomadas as atividades suspensas. "Está na altura de invertermos esta lógica de que precisávamos o mais possível de responder aos casos urgentes e suspender atividade programática", disse a ministra, anunciando que o despacho de 16 de março que o decretava será suspenso na próxima semana. Falando numa quebra das consultas não urgentes até agora, Marta Temido fala num "reagendamento da atividade assistencial não realizada, garantindo que começamos por dar prioridade aos casos que têm indicação clínica para tal".
A ministra fala num enorme desafio para o Sistema Nacional de Saúde, mas reitera. "Não há necessidade, mesmo hoje de os utentes terem qualquer receio em usar o SNS", disse Marta Temido, reiterando que se vai privilegiar o atendimento telefónico e privilegiar que o tempo de permanência nos utentes se reduz ao mínimo estritamente necessário para a prestação de cuidados e garantir que a atividade que foi adiada é realizada o mais rapidamente possível.