Portugal com "diminuição consistente" da mortalidade desde 15 de abril
Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais 12 pessoas e foram confirmados mais 138 casos de covid-19. Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), de hoje (9 de maio), há agora no país 27 406 infetados, 2499 recuperados e 1126 vítimas mortais.
O aumento de casos confirmados é um aumento de 0,5% em relação à véspera. Seis dos novos 12 mortos têm mais de 80 anos. A taxa de letalidade está agora nos 4,1%, segundo a ministra da Saúde, Marta Temido, e acima dos 70 anos de 15%.
"A curva por mortalidade por covid-19 mostra uma diminuição consistente desde o dia 15 de abril, o que é bastante relevante", disse a ministra, que anunciou também que a reunião quinzenal de avaliação das medidas com as várias figuras do Estado será na quinta-feira e não na terça-feira, de forma a permitir já um balanço dos primeiros dez dias de desconfinamento.
O número de pessoas internadas desceu pelo segundo dia consecutivo (menos 27), existindo agora 815 doentes hospitalizados - só 3% das pessoas infetadas estão em ambiente hospitalar, sendo que 83,8% dos casos é de pessoas que estão em casa. Dos hospitalizados, 120 estão nos cuidados intensivos (menos sete do que ontem). Por outro lado, o número de curados continua a aumentar. No último dia, foram dados como recuperadas mais 77 pessoas.
"Temos hoje, no SNS, uma capacidade nos cuidados intensivos de unidades de adultos de 713 camas", disse a ministra, indicando que eram 528 camas inicialmente (sem contar as camas das unidades de queimados ou de doenças coronárias). "Não está tudo feito", admite a ministra, dizendo que ainda não foram recebidos todos os equipamentos que foram encomendados e cuja entrega se esperava que fosse mais rápidos.
A ministra lembra que a capacidade máxima nunca foi alcançada, mas que o país está a aproveitar o momento de acalmia para chegar à meta que é a média europeia às 11,5 camas por 100 mil habitantes. "A taxa de ocupação é de 50%", disse a ministra, lembrando que já foi retomada a atividade não covid-19.
O valor médio do RT é de 1,04, que o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge apurou para os dias 1 a 5 de maio, o que "mostra que o número de novos casos, a cada geração, é relativamente constante e indica que temos que continuar com os cuidados necessários nos gestos básicos da nossa vida diária, especialmente neste período de alívio das medidas de confinamento", disse a ministra.
O boletim da DGS indica ainda que aguardam resultados laboratoriais 2955 pessoas e estão em vigilância pelas autoridades de saúde 26 667. O sintoma mais comum entre os infetados é a tosse (que afeta 42% dos doentes), seguida da febre (30%) e de dores musculares (21%).
Apesar de a região Norte continuar a ser aquela que tem maior número de casos (15854. mais 45), o maior aumento nas últimas 24 horas foi registado na região de Lisboa e Vale do Tejo (7166, mais 73).
No caso dos mortos, a Norte há agora mais seis (645), em Lisboa e Vale do Tejo mais cinco (238) e no Centro mais um (215). Nesta região há mais 17 casos (para um total de 3581).
No Alentejo há mais três casos novos, para os 235, mas mantém-se apenas um morto. No Algarve (345 casos, 13 mortos), Açores (135 casos, 14 mortos) e Madeira (90 casos, nenhum morto), os números são iguais aos do boletim epidemiológico de sexta-feira.
"Já percebemos todos que o país não é simétrico, há grandes assimetrias. O que se verifica são focos e temos que ter uma atuação de intervenção para criar uma bolha à volta destes focos", disse a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, indicando contudo que os números são animadores, mas ninguém pode relaxar.
A ministra da Saúde diz que a Direção-Geral de Saúde tem agora três focos de atuação: o apoio à definição de regras de saúde pública para a retoma da atividade económica, como por exemplo referentes à reabertura de restaurantes ou o regresso às aulas presenciais dos alunos do 11.º e 12.º anos.
As autoridades de saúde estão ainda a concluir a preparação, até ao final da semana, sobre o regresso de visitas a lares, creches, transportes públicos e futebol. São temas que, segundo a ministra, estão em preparação.
Sobre os lares, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse que já houve 450 óbitos nestes espaços. "É uma percentagem ainda elevada, mas abaixo do reportado noutros países", refere, destacando o trabalho que tem sido feito a todos os níveis nestes espaços.
Outro foco do trabalho da DGS prende-se com a retoma da atividade do sistema nacional de saúde, que deve privilegiar os programas não presenciais, o desfasamento de horários de atendimento, o agendamento por hora marcada, para permanecer o menor tempo possível nos centros que prestam serviços.
Por fim, Marta Temido lembra o acompanhamento da situação epidemiológica desde o nível local até ao nacional, com especial atenção à identificação de novos grupos de infeção. "O nosso objetivo será cada vez mais a adoção de medidas proporcionais aos casos que precisamos de conter, detetando-os precocemente e isolando-os e acompanhando-os até à recuperação", indicou.
Questionada sobre a realização ou não da Festa do Avante, a ministra lembra que ainda estamos em maio e que o evento é só em setembro. "A evolução da situação epidemiológica é ainda uma incerteza", diz, lembrando que é necessário dar passos pequenos, mas que a situação será coordenada com as autoridades de saúde.
"As regras serão definidas pela DGS e serão oportunamente consideradas e partilhadas com os organizadores", declarou Marta Temido.
Independentemente disso, lembra a ministra, a festa é uma iniciativa da atividade política de um partido que não está limitada.