Acordo com o governo. Motoristas de mercadorias cancelam greve
"A greve vai ser desconvocada. Não surtiu na realidade os efeitos que desejávamos, mas surtiu em alguma parte porque hoje fala-se da profissão de motorista, da nossa vida, há um conhecimento do que é a nossa profissão e a nossa categoria profissional", afirmou Anacleto Rodrigues, porta-voz do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), depois de uma reunião no Ministério das Infraestruturas.
Já a outra estrutura sindical que convocou a greve, o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), mantém a paralisação.
"Agora vamos trabalhar com aquilo que eram as nossas propostas", anunciou o representante do SIMM. Adiantou ainda que "no dia 12 de setembro" irá ocorrer uma primeira reunião de trabalho.
Anacleto Rodrigues afirmou que cerca dos 150 motoristas, que estavam nos piquetes de greve, vão agora regressar ao trabalho.
Para o representante da Antram, a associação que representa os patrões, "há um vencedor, que é o diálogo". O SIMM "conseguiu dar um passo muito importante na assinatura deste acordo", disse André Matias de Almeida, tendo esclarecido que este sindicato desconvocou primeiro a greve e só depois voltou à mesa das negociações. O acordo, agora assinado com o SIMM, diz a Antram, é referente a "aumentos salariais em 2020", a "questões relacionadas com cargas e descargas", entre outras matérias.
O primeiro-ministro, António Costa, saúda o acordo entre a Antram e o SIMM. "Conseguiram alcançar o que todos ambicionámos: o fim da greve e o início das negociações entre as partes. O diálogo faz o seu caminho, devolvendo tranquilidade aos portugueses", escreveu o chefe do governo no Twitter.
Numa segunda publicação nesta rede social, António Costa, espera que "mais este exemplo inspire todos". "Que ninguém fique isolado numa greve estéril que compromete o diálogo", acrescentou.
O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, espera agora que o SNMMP siga o exemplo do SIMM. "Fazemos o apelo ao SNMMP para que desconvoque a greve e se junte a este processo negocial. É o que todos os portugueses esperam", afirmou. "O país inteiro espera pelo fim da greve, e os motoristas também", reforçou.
Pedro Nuno Santos garante que o governo não está a isolar o sindicato dos motoristas de matérias perigosas e deseja que também esta estrutura volte à mesa negocial. "Não queremos que ninguém fique isolado, queremos que a greve seja desconvocada", reiterou o ministro. "Esperamos que seja escolhida a via do diálogo e para isso é preciso a desconvocação da greve", esclareceu.
Para Pedro Nuno Santos é necessária a via negocial para se chegar a um entendimento, e "isso não se faz em contexto de greve. Não é assim em lado nenhum, em país democrático nenhum, em setor nenhum". "Esta greve é má para todos", referiu o ministro das Infraestruturas.
"A Fectrans escolheu a via negocial e consegui resultados, o SIMM decidiu-se pela via negocial e pretende também conseguir avanços, falta o SNMMP", disse Pedro Nuno Santos.
O sindicato dos motoristas de matérias perigosas, recorde-se, pediu, ao início da tarde desta quinta-feira, a mediação do Governo, mas a Antram não aceitou regressar às negociações com a greve a decorrer. Perante este cenário, o secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, anunciou que o processo de mediação "não é viável" e, por isso, não avançou.