Monchique: plano de intervenção florestal por aprovar há sete meses
O responsável da Aspaflobal queixa-se, em declarações ao Público, que o Instituto de Conservação da Natureza (ICNF) tem atrasado o processo por questões burocráticas, como, por exemplo, a de saber se a associação tem ou não dívidas à Segurança Social.
O plano apresentado prevê, entre outras coisas, a criação de pontos de água e caminhos de acesso para combate a fogos. O incêndio em Monchique já destruiu cerca de 20 mil hectares e esta terça-feira continua a ser combatido por 1198 operacionais.
"Há mais de um ano que todos sabem que Monchique estava no topo da lista das zonas de maior risco de incêndios florestais. Há mais de um ano que todos sabem que a serra de Monchique era a próxima a arder. Há cerca de sete meses que enviámos para o ICNF um plano estruturante para a Zona de Intervenção Florestal de Perna Negra e nada foi feito", refere àquele jornal o líder da Aspaflobal, que representa cerca de 500 produtores florestais da zona do Barlavento algarvio.
"Só nos fazem perguntas sobre dados que já têm e que nós vamos repetindo nas respostas. Dois dias antes destes incêndios enviaram-nos um conjunto de 30 perguntas, como, por exemplo, sobre estatutos da associação ou pediam garantias de que não temos dívidas à Segurança Social. O comprovativo de que não temos dívidas caduca a cada três meses, mas como o processo não avança no ICNF, de três em três meses, este pede novo comprovativo. É um processo burocrático estúpido e sem fim", acrescenta Vidigal, confessando-se revoltado com tudo o que se está a passar.
Apesar de tudo, o presidente da Aspaflobal admite, nas mesmas declarações ao Público, que não pode garantir que se aquele plano já tivesse sido aprovado isso seria suficiente para impedir o alastramento do incêndio deste fim de semana em Monchique. Mas "o combate teria sido mais efetivo", sublinha, com "certeza".
O incêndio de Monchique, distrito de Faro, deflagrou na passada sexta-feira, em Perna Negra, já provocou pelo menos 29 feridos e obrigou à evacuação de diversos aglomerados populacionais e uma unidade hoteleira.