Fogo em Monchique faz 44 feridos e obriga a evacuar resort
O número de feridos no incêndio na serra de Monchique subiu, ao início da manhã desta segunda-feira, para 44, anunciou Abel Gomes, segundo comandante distrital da proteção Civil de Faro.
As chamas não deram tréguas durante a noite e uma unidade hoteleira no lugar do Montinho, em Monchique, foi evacuada perto das 00:00, com os hóspedes a ser distribuídos por dois outros hotéis junto a Alvor, disse à Lusa um funcionário. De acordo com este funcionário do Macdonald Monchique Resort & Spa, a ocupação estava a 70%.
Segundo site da Proteção Civil, atualizado às 09:34, o fogo está a ser combatido por 1080 operacionais, de sete entidades diferentes, apoiados por 315 meios terrestres e sete aéreos.
Há 44 feridos a registar, um deles, uma senhora de 72 anos, em estado grave. Segundo disse à Lusa a Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) esta foi transportada de helicóptero para o hospital de Santa Maria em Lisboa.
Segundo Manuel Cordeiro, adjunto de operações nacional da ANPC, até às 05:45 o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) tinha registado 64 ocorrências, com 40 pessoas assistidas (12 civis e 28 agentes da proteção civil).
O responsável explicou que, ao início da manhã, o incêndio progredia em duas frentes: uma em direção a Caldas de Monchique e Vale do Boi e outra a avançar em direção à freguesia de São Marcos da Serra.
A mesma fonte explicou que o fogo ladeou durante a noite a barragem de Odelouca, que ao início da manhã de hoje progredia em direção à Estrada Nacional 124 (que percorre as serras algarvias e atualmente liga Lagos a Alcoutim) e que foram colocadas no terreno diversas máquinas de rastro para tentar travar o avanço das chamas.
Pelas 07:00 eram visíveis ainda várias pessoas nas ruas e bombeiros, que estendidos no chão, aproveitavam para descansar, retemperando forças para voltar ao combate às chamas, que ainda lavram numa das encostas.
Na loja de conveniência de uma estação de combustível, um dos poucos espaços abertos a esta hora e onde foi necessário recorrer a um gerador de eletricidade, populares e alguns elementos da corporação de bombeiros do município vizinho de Silves e também de Olhão faziam uma pausa para o café.
"Ninguém conseguiu dormir. O ar está irrespirável e a preocupação é muita", diz à agência Lusa Jorge Santos, residente na vila de Monchique, perspetivando um resto de dia "muito complicado".
Outros moradores, ouvidos pela Lusa, queixaram-se da atuação dos bombeiros, uma vez que "permitiram que as chamas chegassem tão perto da vila de Monchique".
"O fogo começou a 20 quilómetros daqui. Porque deixaram que crescesse tanto? Além do mais o comando deste incêndio devia ser feito por alguém dos bombeiros de Monchique, não por alguém que vem de Faro e não conhece o território", aponta um dos moradores, enquanto observa todo o aparato que se faz sentir dentro desta vila algarvia.
A circulação dentro da vila de Monchique estava às primeiras horas da manhã condicionada ao trânsito, assim como a estrada nacional 266, proveniente de Portimão.
Entretanto, os habitantes que foram retirados de algumas aldeias ameaçadas pelas chamas pernoitaram numa escola de Monchique, com condições criadas pela Câmara Municipal para as albergar em segurança.
Segundo imagens em direto da SIC Notícias, mas também o site do jornal algarvio Sul Informação, confirma-se a informação de que há casas ardidas.
Este incêndio deflagrou cerca das 13:30 de sexta-feira, em Perna da Negra, no concelho de Monchique, e obrigou à evacuação de vários aglomerados habitacionais ao longo dos três dias.