Os presidentes dos dez departamentos do Instituto Superior Técnico assumiram, em conjunto, a sua oposição à integração de investigadores e bolseiros nos quadros através do PREVPAP - o programa de regularização extraordinária dos trabalhadores precários na Administração Pública -, por entenderem que "a precariedade é um problema complexo que não pode ser resolvido por via de um modelo único aplicável igualmente a todo o setor público" e que, no caso das instituições do ensino superior, a solução adotada pelo governo pode ter efeitos nocivos..No comunicado, os responsáveis de departamento reconhecem que a precariedade no setor se instalou bem "para lá do razoável". E que "todos aqueles que têm ou tiveram responsabilidades de gestão e coordenação no ensino superior e investigação - incluindo governantes, professores e investigadores - beneficiaram de alguma forma dos sucessivos adiamentos à revisão desta situação"..No entanto, consideram também que "a integração de investigadores na carreira universitária em condições de vínculo permanente é iníqua para aqueles que presentemente trabalham para assegurar esse vínculo de acordo com as regras do Estatuto da Carreira Docente Universitária e do Estatuto da Carreira de Investigação Científica", sendo também " iníqua para todos os que, não estando abrangidos pelas normas do PREVPAP, ambicionam integrar essas carreiras, uma vez que subverte o sistema competitivo de recrutamento das universidades"..Percentagens irrisórias de integração nos quadros.A aplicação do PREVPAP aos docentes e investigadores do ensino superior tem sido um tema polémico, com os sindicatos do setor a acusarem várias instituições, nomeadamente o instituto Superior Técnico, de criarem grandes obstáculos à incorporação destes trabalhadores..Em abril, de acordo com dados então divulgados pelo Ministério do Ensino Superior, 780 trabalhadores precários das universidades e institutos politécnicos tinham conseguido a incorporação nos quadros através do PREVPAP. No entanto, destes, apenas 37 eram docentes e 44 investigadores. Em relação às candidaturas recebidas, as percentagens eram inferiores aos 3%..O governo - nomeadamente, nos últimos tempos, o ministro das Finanças - tem defendido que o PREVPAP não é o programa de referência para os problemas de precariedade destes profissionais, apontando para várias outras alternativas em desenvolvimento.