O Ministério Público (MP) acusou um homem de 44 anos de Cruz, Vila Nova de Famalicão, de 452 crimes de abuso sexual e violação, sendo as vítimas as duas filhas, segundo despacho a que a Lusa teve acesso esta quinta-feira..O arguido, soldador, é ainda acusado de um crime de violência doméstica sobre a mulher..Segundo o MP, a principal vítima dos abusos sexuais foi a filha mais velha do casal. Os abusos terão começado quando tinha 13 anos, altura em que o pai lhe terá dito que a ia "preparar para o futuro"..Só pararam quando a filha, aos 21 anos, contou a uma amiga o que se estava a passar e avançou com uma denúncia na Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV)..Os abusos eram perpetrados quase sempre na residência da família, mas também aconteceram num monte próximo da habitação..À medida que a filha se ia aproximando da maioridade, o arguido terá começado a intensificar o controlo sobre a mesma, opondo-se até que tivesse um relacionamento de namoro..Posteriormente, quando a filha começou a namorar, só a deixava ir ter com o namorado se antes mantivesse relações sexuais com ele. Sempre, acrescenta a acusação, sob ameaças, designadamente de morte..Os abusos sexuais ocorreriam praticamente todas as semanas..Pela sua atuação em relação à filha mais velha, o arguido está acusado de 52 crimes de abuso sexual de criança agravado, 208 crimes de abuso sexual de menor dependente agravado e 191 crimes de violação agravada..Está ainda acusado de um crime de dano, por ter partido o telemóvel da filha..O arguido vai ainda responder por um outro crime de abuso sexual agravado, sendo a vítima a filha mais nova, numa altura em que tinha 13 anos..O MP acusa também o arguido de violência doméstica, sendo neste caso a vítima a mulher..A acusação diz que o arguido, desde o casamento, sempre procurou controlar o dia-a-dia da vítima, impedindo-a de usar certas roupas e de se relacionar com outras pessoas..Também lhe impunha práticas sexuais que ela não desejava, injuriava-a e agredia-a com empurrões e bofetadas..A vítima chegou a sair de casa com as filhas, mas regressou no dia seguinte, "por não ter trabalho nem forma de sustento"..A partir de março deste ano, os problemas financeiros do agregado familiar agravaram-se por causa da pandemia de covid-19, o que levou intensificou os maus-tratos, designadamente psicológicos, infligidos pelo arguido à mulher..O arguido foi detido em junho pela Polícia Judiciária e está em prisão preventiva.