"É preciso agir já." Faculdades de medicina pedem quarentena como na China
Os oito diretores das escolas de medicina portuguesas escreveram ao primeiro-ministro António Costa para pedir uma ação mais drástica e imediata. Em nome do Conselho das Escolas Médicas Portuguesas, pedem que o governo "implemente já e de forma efetiva as práticas restritivas que tão bons resultados deram em contextos adversos como os da China, Macau e Coreia do Sul se necessário ouvindo - no mais curto espaço de tempo possível - peritos internacionais com experiência bem-sucedida na resposta a epidemias e, idealmente, a esta pandemia", lê-se na carta que o primeiro-ministro recebeu esta quinta-feira.
Estes responsáveis pelo ensino de medicina alertam que "não será possível - como não o será em qualquer país - responder de forma minimamente adequada se não forem já tomadas fortes medidas de redução do contacto social. Em nossa opinião, esta não é a altura de deixar questões ideológicas ou receios relativos ao inevitável impacto económico condicionar as decisões em tempo útil".
A carta é assinada por Altamiro da Costa Pereira, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; Carlos Robalo Cordeiro, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra; Henrique Cyrne Carvalho, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar; Isabel Palmeirim, presidente do Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina da Universidade do Algarve; Jaime Branco, diretor da Nova Medical School | FCM da Universidade Nova de Lisboa; Miguel Castelo Branco, presidente da Faculdade de Ciências da Saúde da UBI; Nuno Sousa, diretor da Escola de Medicina da Universidade do Minho; Fausto J. Pinto, presidente do CEMP e Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Os diretores são muito críticos da decisão do Conselho Nacional de Saúde Pública. "Compete-nos manifestar a nossa preocupação relativamente à capacidade técnica de o Conselho Nacional de Saúde Pública lidar com este problema. De facto, independentemente da formação de base e da experiência técnico-profissional dos seus elementos poder ser adequada, a falta de elementos públicos para fazer a sua identificação e consequente escrutínio coloca sérias preocupações. Tal deixa dúvidas na sua competência para lidar na prática com uma situação destas, sendo que esta eventual falta de competência poderá ainda explicar a sua manifesta incapacidade de decisão", lê-se na carta.
Concluem que "numa situação como esta, importará termos lideres decididos, apoiados numa forte estrutura de comando e, sobretudo, assessorados por equipas técnicas competentes. Neste contexto, o Conselho das Escolas Médicas Portuguesas (CEMP) estará inteiramente disponível para vir a dar o seu contributo, se o achar necessário".