Crise no Hospital São João. Dois diretores demitem-se
Primeiro Álvaro Silva, até então diretor do Serviço de Cirurgia Plástica. Depois, João Viterbo, diretor do Serviço de Anestesiologia. Ambos pediram a demissão dos seus cargos no Centro Hospitalar de São João, Porto.
A notícia é avançada pelo Público que conta que Álvaro Silva terá sido o primeiro a pedir a demissão, seguido de João Viterbo, que se terá demitido na semana passada e comunicado a sua decisão ao grupo clínico numa reunião relâmpago, depois de 11 meses à frente do serviço.
A mesma publicação diz que fontes hospitalares revelaram que a situação presenciada no Serviço de Anestesiologia já é há muito marcada por mau ambiente e desavenças internas, tornando-se "insustentável". A mesma fonte adiantou ainda que João Viterbo se terá demitido por falta de "condições para gerir o serviço".
O DN tentou contactar a instituição, que decidiu não tecer qualquer comentário sobre o assunto.
Os dedos estarão apontados para a administração. Tanto acusada de pressionar os médicos para objetivos difíceis de alcançar, como de ter procedido a contratações anteriores sem abrir concurso. João Viterbo, por exemplo, foi destacado para as suas funções sem ter sido chefe de serviço. Mas a lei não deixa dúvidas: de acordo com o Decreto-Lei nº 18/2017, de 10 de fevereiro, no seu artigo 28º, "os diretores de departamento e de serviço de natureza assistencial são nomeados de entre médicos, inscritos no colégio da especialidade da Ordem dos Médicos correspondente à área clínica onde vão desempenhar funções e, preferencialmente, com evidência curricular de gestão e com maior graduação na carreira médica".
Contudo, ainda de acordo com o Público, o profissional do Serviço de Anestesiologia teria à frente dois especialistas mais qualificados, ambos eram chefes de serviço e um deles tem inclusive no currículo 12 anos na direção de serviço e um curso de diretor de serviço pela High Quality Advanced Physician Training Research.
O historial de demissões no centro hospitalar não é novo. Em 2014, 66 diretores apresentaram uma demissão em bloco. Destes, 58 eram diretores clínicos, outros não clínicos, e alguns responsáveis pelas oito unidades intermédias de gestão. Todos reivindicavam falta de qualidade nos cuidados de saúde prestados à população, a desvalorização da missão do centro hospitalar, a centralização administrativa.