Caça à raposa: proprietários rurais e caçadores recusam proibição

Associações vão pedir que sejam travados projetos que querem proibir caça da raposa e saca-rabos. E notam que decisão pode levar à extinção do lince ou da águia-imperial
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É o toque a reunir das associações que representam proprietários rurais, caçadores e criadores de ovinos, que esta quinta-feira de manhã farão ouvir os seus argumentos a favor da caça à raposa junto dos grupos parlamentares do PSD, PS e PCP. De fora das audições estão os partidos que apresentaram projetos para pôr fim a esta prática.

Reunidos na Plataforma Sociedade e Animais, a Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade (ANPC) a Federação Portuguesa de Caça (Fencaça) e a Associação de Criadores de Ovinos do Sul (ACOS) querem apelar aos deputados, de acordo com uma nota divulgada, para "que travem os projetos de lei apresentados pelo PAN, BE e PEV que visam proibir a caça à raposa e saca-rabos".

Estes representantes defendem que o fim desta caça terá "consequências absolutamente nefastas e destrutivas" para os proprietários rurais, produtores de gado e, argumentam, "acima de tudo, para a biodiversidade e equilíbrio nos habitats, podendo mesmo trilhar o caminho para a extinção de espécies protegidas como o lince ou a águia-imperial".

O presidente da ACOS, Miguel Madeira, nota que também os criadores de ovinos receiam o crescimento de ataques de raposas. No comunicado é referido que, segundo dados recolhidos entre 246 proprietários, "as explorações de ovelhas ao ar livre chegam a perder 50% dos animais nos ataques de raposas".

Para o presidente da ANPC, António Paula Soares, "isto" acontece "com o atual controlo cinegético da raposa". "Imagine-se o que seria se a caça à raposa fosse proibida", aponta o referido dirigente, "A situação seria desastrosa e esta atividade tornar-se-ia insustentável. Atualmente já estamos a falar de prejuízos na ordem dos milhões de euros", argumenta.

Este dirigente explica que "a raposa e o saca-rabos são predadores com comportamento alimentar oportunista e generalista, pelo que se alimentam muitas vezes de coelho-bravo". Mas, acrescenta António Paula Soares, "com os surtos de mortalidade, devido a doença, recorrentes entre as populações de coelho-bravo (que têm vindo a reduzir drasticamente nos últimos anos) e com o aumento do número de raposas e saca-rabos a predarem os coelhos, ficam em xeque espécies protegidas que se alimentam quase em exclusivo do coelho-bravo, como o lince-ibérico ou a águia-imperial. É verdadeiramente catastrófico, ao ponto do coelho-bravo poder também entrar em extinção se as raposas e saca-rabos não forem controlados."

Os argumentos destas associações serão ouvidos por aqueles que não apresentam propostas de lei. Mas que têm a força suficiente para chumbar as iniciativas apresentadas. Em 3 de outubro, o plenário do Parlamento terá tempo para debater petições sobre a proteção de equídeos - acompanhado de uma resolução do PAN - e de proibição da caça à raposa, que contará com arrastamento de iniciativas do BE, Verdes e PAN.

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