Bebé sem rosto. Obstetra suspende realização de ecografias na gravidez
O médico Artur Carvalho, envolvido no caso do bebé que nasceu com malformações graves, comunicou à Ordem dos Médicos que decidiu suspender a realização de ecografias na gravidez até à conclusão dos processos em análise no conselho disciplinar.
A informação foi adiantada à agência Lusa pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, que decidiu contactar Artur Carvalho "perante o alarme social causado" pelas notícias dos últimos dias ligadas ao caso do bebé que nasceu em Setúbal sem nariz, olhos e sem parte do crânio.
"Perante o alarme social causado pelas notícias dos últimos dias e tendo em consideração que os prazos processuais nem sempre vão ao encontro da urgência exigida nestas situações, tomei a iniciativa de contactar diretamente o Dr. Artur Carvalho. Na sequência dessa conversa, o médico comunicou-me a sua decisão de suspender no serviço privado e público a realização de qualquer tipo de ecografia obstétrica, até que os processos sejam concluídos pelo Conselho Disciplinar Regional do Sul", declarou à agência Lusa Miguel Guimarães.
Esta terça-feira, o Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos, estrutura com autonomia estatutária, vai apreciar os cinco processos pendentes de queixas sobre o médico do caso de Setúbal, pelo menos um dos processos data já de 2013.
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"Vamos apreciar, com caráter de urgência, os cinco processos pendentes (...), mas não vamos apreciar este último caso [do bebé de Setúbal que nasceu com malformações], porque ainda não nos chegou nada. E não podemos avaliar e decidir com base naquilo que ouvimos na comunicação social", disse à agência Lusa o presidente do Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos, Carlos Pereira Alves.
O bastonário Miguel Guimarães deu na sexta-feira uma conferência de imprensa na qual anunciou que iria apresentar queixa ao Conselho Disciplinar do Sul sobre o caso do bebé que nasceu em Setúbal com malformações, solicitando "com urgência a abertura de um processo".
O Conselho Superior da Ordem é o órgão "que tem alguma tutela de regulação sobre o trabalho dos conselhos disciplinares", sendo estes conselhos disciplinares completamente independentes dos órgãos de direção da Ordem dos Médicos, pelo que o bastonário não tem poderes estatutários que lhe permitam intervir sobre processos disciplinares.