Imigrantes brutalmente agredidos. Há mais um GNR detido
Há mais um militar da GNR detido pela PJ, sob a suspeita de envolvimento num sequestro e agressões a dois imigrantes nepaleses na região de Odemira, soube o DN. A detenção foi realizada esta tarde de quarta-feira em Odemira.
Esta manhã a PJ de Setúbal deteve outros quatro militares, um deles é dirigente da Associação Socioprofissional Independente da Guarda (ASPIG/GNR).
O militar em causa é André Ribeiro, do posto de Odemira. Os outros três detidos estão colocados nos postos de Vila Nova de Milfontes, Portalegre e Chamusca.
Os detidos, que serão presentes a juiz nesta quinta-feira, no Tribunal de Odemira, onde serão conhecidas as medidas de coação, estão indiciados pelos crimes de sequestro, invasão de domicílio e ofensas à integridade física agravadas.
Em comunicado oficial, a PJ diz que operação teve a colaboração do Comando Territorial de Beja e de Setúbal da GNR e que os militares "encontram-se indiciados pela comissão dos crimes de ofensa à integridade física qualificada, sequestro agravado e violação de domicílio por funcionário, factos praticados no início de outubro do ano transato, no concelho de Odemira".
De acordo com a informação já conhecida sobre este caso, tudo terá começado numa discussão, durante um jantar em Odemira, em outubro de 2018, entre os dois trabalhadores agrícolas nepaleses e o empregador, da mesma nacionalidade.
Em causa estariam, segundo admitiu ao DN fonte próxima da investigação, questões relacionadas com a situação salarial e condições laborais. Este empregador está instalado naquela zona do Alentejo e recruta imigrantes de origem hindustânica para trabalhos agrícolas sazonais em propriedades da região.
O envolvimento da GNR terá ocorrido porque um militar desta força de segurança terá uma relação de proximidade - que a PJ ainda está a clarificar se a título de amizade ou profissional - com o empregador e ter-se-á envolvido numa discussão entre este e os imigrantes.
Mais tarde, ainda de acordo com o relatado, o mesmo militar, chamou outros três guardas da GNR e, sem qualquer mandato, invadiram casa dos trabalhadores, que terão então sido levados para outro lugar, sequestrados e espancados.
Os dois nepaleses sofreram traumatismos graves, tendo um deles sido hospitalizado com diversos ferimentos no corpo e na cabeça.
O DN o Comando-Geral da GNR para um comentário, mas não obteve ainda resposta.
A ASPIG remeteu declarações para amanhã, quando os militares forem presentes a tribunal, uma reação.
Por seu lado, o presidente da Associação Profissional da Guarda (APG), a estrutura sindical mais representativa da GNR, refutou comentar a situação. "Por uma questão de ética prefiro não tecer comentários em virtude de, de acordo com o que foi noticiado, estar envolvido um dirigente de outra associação", assinalou César Nogueira.
(Atualizado às 19h20)