Morreu o Mata-sete, Vítor Jorge, o homem com vários nomes que ficou conhecido pelo crime do Osso da Baleia. Era bancário quando cometeu o crime, aos 38 anos, matando cinco jovens, a tiros de caçadeira e à paulada, na praia, e a mulher e a filha mais velha, à facada, depois, em casa..Agora terá morrido, segundo o Correio da Manhã, sozinho, na Córsega, onde vivia desde que foi libertado, há 16 anos. Segundo o jornal terá morrido em casa, durante a noite de 29 de dezembro tendo sido encontrado na segunda-feira. Segundo a agência Lusa, Vítor Jorge já teria protagonizado várias tentativas de suicídio - embora desta vez, segundo o Correio da Manhã, as notícias sobre as razões da sua morte sejam contraditórias. A prima diz que estava com problemas graves de saúde, mas os amigos dizem que se terá suicidado..Este foi um dos crimes mais terríveis em Portugal. Tudo aconteceu na noite de 1 para 2 de março de 1987, na Praia do Osso da Baleia (Pombal) e na Amieira (Marinha Grande). Vítor Jorge, que era contínuo numa agência bancária e fotógrafo de casamentos e batizados nas horas vagas, assassinou a tiro e à pancada cinco jovens que tinha fotografado numa festa de anos na Guia, em Pombal. Acabou por seguir os jovens até à praia e matou-os a sangue frio..Depois do crime, pegou no carro e foi para casa, na Amieira. Atraiu a mulher e uma das filhas para um pinhal, e matou-as à facada. Uma das vítimas da praia do Osso da Baleia foi uma empregada de limpeza no Hospital Universitário de Coimbra, Leonor Tomás, com quem o bancário tinha uma relação extra-conjugal..Ao massacre escaparam a filha mais nova e um filho de Vítor Jorge. A rapariga, já ferida, terá suplicado ao pai que não a matasse. Este, cansado e emocionalmente desgastado, acabou por deixá-la fugir..Vítor Jorge não se entregou logo às autoridades. Aliás, andou fugido durante vários dias, provocando alarme na região e em todo o país. Acabou por ser detido a 5 de março, no concelho de Porto de Mós - de onde nunca saíra. Confessou o crime e começou em novembro desse mesmo ano a ser julgado, por um tribunal de júri, que o condenou, em cúmulo jurídico, a 20 anos de prisão, que era a pena máxima prevista no Código Penal na altura..O julgamento ficou marcado pelo confronto de teses sobre a personalidade do arguido, com o catedrático e psiquiatra Eduardo Cortesão, já falecido, a defender que Vítor Jorge era "um doente mental grave" e, logo, inimputável, e os médicos do Centro de Saúde Mental de Leiria, que examinaram Vítor Jorge após a sua detenção, a garantirem que nada foi detetado no sentido da sua inimputabilidade. Acabou por ser julgado como um homem normal. O advogado oficioso do homicida, Mário Ferreira, chegou a defender em tribunal o internamento psiquiátrico de Vítor Jorge..Vítor Jorge foi um recluso exemplar nos Estabelecimentos Prisionais de Leiria e, depois, em Coimbra, onde viria a ajudar à missa como sacristão, e a praticar o seu hóbi da fotografia. Vítor Jorge acabou por ser libertado após 14 anos de prisão, beneficiando das amnistias aprovadas durante o seu cativeiro..A sua libertação, em outubro de 2005, voltou a chocar o país, desta vez pela alegada brandura das leis penais portuguesas, mas o facto de o "assassino da Marinha Grande" ou o "mata sete" como ficou conhecido ter ido viver com familiares para Inglaterra, sossegou os espíritos mais inquietos entre a população da Amieira, que chegou a temer o regresso de Vítor Jorge. Mais tarde, terá ido então viver para a Córsega, onde agora terá falecido em circunstâncias ainda não completamente apuradas.