2657 cirurgias canceladas pela greve em nove dias

Ministério da Saúde diz que, entre 31 de janeiro de 8 de fevereiro, 2657 das 4782 cirurgias previstas não foram realizadas devido à greve dos enfermeiros. O que, segundo comunicado do governo, representa 56% do total.
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Entre os dias 31 de janeiro e 8 de fevereiro, 2657 das 4782 cirurgias previstas não foram realizadas devido à greve dos enfermeiros, quantificou o Ministério da Saúde em comunicado enviado nesta noite aos órgãos de comunicação social.

O ministério divulga semanalmente o impacto da greve dos enfermeiros, prevista até ao dia 28, em termos de cirurgias não realizadas, tendo por base o número de cirurgias previstas nos dez hospitais e centros hospitalares: Centro Hospitalar Universitário de São João, Centro Hospitalar Universitário do Porto, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia-Espinho, Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, Hospital de Braga, Centro Hospitalar de Tondela Viseu, Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra, Hospital Garcia de Orta, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, Centro Hospitalar de Setúbal.

No caso do Hospital de Braga, os dados apresentados são provisórios, assinala o comunicado. Sublinhando ainda o facto de a greve só ter começado no dia 8 no Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra (para o qual não são ainda apresentados dados), Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte e no Centro Hospitalar de Setúbal.

O maior número de cirurgias canceladas por motivos de greve deu-se no Centro Hospitalar Universitário de São João, com 823 das 1226 cirurgias aí programadas a não acontecer. Segue-se o Centro Hospitalar Universitário do Porto com 607 cancelamentos, Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga com 362, o Hospital de Braga com 305 (dados provisórios), Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia-Espinho com 270, o Centro Hospitalar de Tondela Viseu com 140, o Hospital Garcia de Orta com 106, o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte com 33 e o Centro Hospitalar de Setúbal com 11.

O Conselho de Ministros decretou na passada quinta-feira uma requisição civil na greve dos enfermeiros em blocos operatórios, alegando incumprimento da prestação de serviços mínimos.

Esta segunda-feira, o Sindicato Democrático dos Enfermeiros (Sindepor), uma das duas estruturas que convocou a paralisação, entregou no Supremo Tribunal Administrativo uma intimação para proteção de direitos, liberdades e garantias da classe, contestando a requisição civil.

A primeira "greve cirúrgica" decorreu em blocos operatórios de cinco centros hospitalares entre 22 de novembro e 31 de dezembro de 2018, tendo levado ao adiamento de mais de 7500 cirurgias.

As duas greves foram convocadas após um movimento de enfermeiros ter lançado recolhas de fundos através de uma plataforma de crowdfunding para financiar as paralisações, tendo obtido 740 mil euros.

Segundo os sindicatos, os principais pontos de discórdia entre os enfermeiros e o governo de António Costa são o descongelamento das progressões na carreira e o aumento do salário base destes profissionais de saúde.

No debate quinzenal da semana passada, o primeiro-ministro recusou a exigência de um salário base de 1600 euros. "Tem agora como base de entrada os 1200 euros, a reivindicação é que o ponto de entrada passe a ser os 1600 euros, com toda a franqueza, o país não tem condições, não é justo para outras carreiras paralelas em que estas condições não existem", afirmou Costa, sublinhando: "Sendo obviamente legítimo a qualquer ser humano ter a ambição de ganhar melhor, é também o dever de qualquer governante saber medir o que é justo e o que é injusto e quais são as condições de prosseguir o avanço".

O chefe do governo, do Partido Socialista, criticou ainda a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco. "O governo tem tido um extremo cuidado em não confundir os enfermeiros com aquilo que é a atuação da sua Ordem e em particular da sua bastonária", declarou. Este fim de semana, em entrevista ao DN e à TSF, Ana Rita Cavaco considerou que quem originou todo o clima de crispação foi António Costa: "Eu acho que quem foi o causador disto, em bom rigor, foi o senhor primeiro-ministro. Porque, por muito que lhe custe e isso é o viver em democracia, não é ele que escolhe a bastonária da Ordem dos Enfermeiros", declarou a responsável.

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