Mais 375 casos de covid-19 em 24 horas. Número mais elevado dos últimos cinco dias

O boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde revela ainda mais oito vítimas mortais e 560 curados (maior aumento diário desde 24 de maio).
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Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais oito pessoas e foram confirmados mais 375 casos de covid-19 (um crescimento de 0,8% em relação ao dia anterior). É o número mais elevado desde há cinco dias - a dez de julho foram 402. Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta quarta-feira (15 de julho), no total, desde que a pandemia começou registaram-se 47426 infetados, 32110 recuperados (mais 560) e​ 1676 vítimas mortais no país.

Há, neste momento, 13 640 doentes portugueses ativos a ser acompanhados pelas autoridades de saúde. Sendo que 96,5% dos casos estão a ser tratados em casa, informou a secretária de estado adjunta da Saúde, Jamila Madeira, em conferência de imprensa.

288 dos 375 novos infetados (76,8%) têm residência na região de Lisboa e Vale do Tejo. Os restantes casos estes estão distribuídos pelo Norte (mais 31), pelo Algarve (25), pelo Centro (22), pelo Alentejo (dez) e pelos Açores (um).

A atualização dos infetados por região é a análise geográfica mais profunda possível de se fazer hoje, uma vez que, nos próximos tempos, a tabela do boletim onde estão expressos os casos por concelho será atualizada apenas à segunda-feira. Isto "decorre de uma necessidade de atualizar e melhorar os sistemas informáticos", explicou Jamila Madeira, sem que isto significa uma inibição "do trabalho em termos de terreno".

Apesar disto, durante a conferência de imprensa, a diretora-geral da Saúde, referiu, em resposta ao jornal Público, que "o concelho que, nos últimos 14 dias, apresenta uma taxa de incidência por 100 mil habitantes maior é o concelho da Amadora", com cerca de 150 casos por cada cem mil pessoas, "que é um dos concelhos que também tem estado a descer bastante", acrescentou Graça Freitas.

Já os oito óbitos localizam-se: três em Lisboa e Vale do Tejo, três no Norte, um no Centro e outro no Alentejo. Este último, está relacionado com o surto num lar em Reguengos de Monsaraz. Trata-se de uma mulher de 82 anos que estava internada no Hospital do Espírito Santo de Évora, de acordo com informações prestadas hoje pela Câmara Municipal. A idosa é a 17.ª vítima mortal associada a este surto, já "estabilizado", segundo a diretora-geral da Saúde. Graça Freitas justificou ainda que vão acontecendo mortes "porque tivemos casos graves". "A população é muito idosa e com comorbilidades ".

A taxa de letalidade do país é hoje de 3,5%, subindo aos 16,1% no caso das pessoas com mais de 70 anos - as principais vítimas mortais.

Há 51 dias que não havia tantos recuperados em 24 horas

O número de recuperados volta a ser hoje motivo de destaque. Foram dadas como curadas mais 560 pessoas, nas últimas 24 horas. Desde 24 de maio que este valor não era tão grande; na altura houve uma atualização e foram confirmadas, de uma vez, 9 844 pessoas livres da doença.

Já ontem o número de recuperados tinha sido mais elevado (485), mesmo assim ficou aquém do de hoje.

Quanto às hospitalizações, esta quarta-feira, estão internados 478 doentes (mais seis que no dia anterior). Nos cuidados intensivos encontram-se 68 pessoas com covid-19 (menos uma).

O boletim da DGS de hoje indica ainda que aguardam resultados laboratoriais 1550 pessoas e estão em vigilância pelas autoridades de saúde mais de 35 mil. O sintoma mais comum entre os infetados é a tosse (que afeta 36% dos doentes), seguida da febre (28%) e de dores musculares (21%).

Sequelas "podem ser passageiras". É preciso esperar por "estudos com mais robustez cientifica"

Questionada sobre qual o ponto da situação sobre as possíveis sequelas em doentes covid-19, a diretora-geral da Saúde reafirmou que "há de facto estudos que apontam para algumas sequelas da doença e até estudos que indicam que mesmo em pessoas [em que a doença se manifestou de forma mais] benigna pode deixar algumas sequelas".

No entanto, segundo Graça Freitas, ainda é cedo para retirar estas conclusões, lembrando que "a doença ainda é recente, tem pouco mais de seis meses, desde que se propagou na China, menos ainda no mundo" e a muitos dos estudos citados falta-lhes "mais robustez cientifica". São muitos vezes análises muito focadas numa determinada população ou até na descrição de apenas um caso clínico, explicou a responsável pela DGS.

"Às vezes, esses estudos são feitos com amostras pequenas. E ainda passou relativamente pouco tempo para saber se estas sequelas serão ou não permanentes. Podem ser passageiras", diz.

Nos últimos meses, vários especialistas têm apontado para a possibilidade da durabilidade de sequelas em doentes covid, como fadiga, insónias, ansiedade ou até lesões pulmonares e neurológicas.

Mais profissionais, material, telessaúde. O que envolve o plano do ministério para o inverno

A preocupação de uma segunda onda persiste e o Governo tem dito que se está a preparar para esta situação. Segundo a secretária de estado adjunta da Saúde, "a DGS está a preparar um plano de inverno detalhado, que em breve será conhecido". Mas para já, Jamila Madeira adianta que este plano envolverá a continuação do reforço de recursos humanos, da reserva nacional estratégica e de meios para a medicina intensiva e para a saúde pública, para além de um aumento da capacidade laboratorial do país.

A aposta não deixa de fora a telessaúde, que deverá receber mais equipamentos nos próximos tempos para continuar a ser uma alternativa - sempre que possível - à atividade programada. Até ao momento, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) assegurou "mais de oito milhões de consultas não presenciais" desde o início do ano, representando um aumento de 65% face a 2019, afirmou a secretária de Estado Adjunta e da Saúde.

Jamila Madeira referiu também que, desde o início do ano, a linha SNS 24 deu resposta a cerca de 1,4 milhões de chamadas e a plataforma de acompanhamento de doentes Trace Covid registou, em média, cerca de cinco mil utilizadores ativos por dia.

António Costa. "Não podemos repetir o confinamento. O país não aguenta"

A mesma preocupação (de uma segunda onda da doença) tinha sido referida, horas antes, pelo primeiro-ministro português, que assumiu, esta quarta-feira, que o país não está preparado para essa eventualidade. "Há uma coisa que sabemos: Não podemos voltar a repetir o confinamento que tivemos de impor durante o período do estado de emergência e nas semanas seguintes, porque a sociedade, as famílias e as pessoas não suportarão passar de novo pelo mesmo", declarou António Costa, no discurso que encerrou a apresentação do programa Simplex 20-21, no Pavilhão do Conhecimento, no Parque das Nações, em Lisboa.

O líder executivo disse ainda que o trabalho de adaptação da sociedade "tem de ser feito agora, porque ainda há algum tempo de distância para evitar o pior" no próximo outono e inverno.

"O tempo é curtíssimo, se calhar não conseguimos fazer tudo, mas temos mesmo de arregaçar as mangas e fazer o máximo possível para assegurar a continuidade do funcionamento da sociedade, designadamente das escolas, das empresas e dos serviços da administração pública, mesmo numa condição tão ou mais adversa como aquela que vivemos em março. Temos de acelerar este processo", reforçou António Costa.

Mais de 13 milhões de casos covid no mundo

O novo coronavírus já infetou mais de 13,4 milhões de pessoas no mundo inteiro até esta quarta-feira e provocou 581 732 mortes, segundo dados oficiais. Há agora 7,8 milhões de recuperados.

No total, os Estados Unidos da América são o país com a maior concentração de casos (3 546 278) e de mortes (139 162). Em termos de número de infetados, seguem-se o Brasil (1 931 204), a Índia (939 192) e a Rússia (746 369). Portugal surge em 40.º lugar nesta tabela.

Quanto aos óbitos no mundo, depois dos Estados Unidos, o Brasil é a nação com mais mortes declaradas (74 262). Depois, o Reino Unido (44 968) e o México (36 327).

Corrida a vacinas contra a covid-19 entra em fase crítica

Com a pandemia em contínua expansão em várias regiões do mundo, a possibilidade de novas vagas a ganhar terreno na Europa e na Ásia, e a poucos meses de um inverno carregado de incertezas no hemisfério norte, a corrida ao desenvolvimento de uma vacina contra a SARS-CoV-2 é frenética - e parece dar passos promissores.

Neste preciso momento, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), das 163 candidatas a vacinas contra o coronavírus que estão atualmente em desenvolvimento no mundo, 23 encontram-se em fase de avaliação clínica, com testes já realizados em grupos restritos de voluntários, e duas delas já entraram, ou estão a entrar, na terceira e última fase do processo, com ensaios clínicos que envolvem milhares de pessoas. E outras deverão lá chegar dentro de pouco tempo.

Há, no entanto, muito caminho ainda para andar. O prazo estimado desde a primeira hora pela OMS, de 12 a 18 meses, para que uma vacina contra a covid-19 possa estar disponível no mercado, não sofreu nenhum recuo. E, a cumprir-se, este será de qualquer forma um recorde absoluto - e histórico. Até agora, a vacina criada mais rapidamente foi a da papeira, e levou quase cinco anos. A concretizar-se a estimativa da OMS de 12 a 18 meses para a vacina da covid-19, esse recorde será pulverizado e reduzido para menos de metade.

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