Terceiro dia consecutivo com mais de 400 casos de covid-19 em Portugal. Há 161 surtos ativos
O boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde de hoje regista mais 402 casos e duas vítimas mortais por causa do novo coronavírus. 85% dos novos casos localizam-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde se encontram a maior parte dos surtos ativos do país - 107 dos 161.
Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais duas pessoas e foram confirmados mais 402 casos de covid-19 (um aumento de 0,9% em relação ao dia anterior). Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta sexta-feira (10 de julho), no total, desde que a pandemia começou registaram-se 45679 infetados, 30350 recuperados (mais 301) e 1646 vítimas mortais no país.
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Este é o terceiro dia consecutivo em que o país notifica mais de 400 casos diários. Na quinta-feira, confirmaram-se 418 infeções e na quarta 443.
Há, neste momento, 13 683 doentes portugueses ativos a ser acompanhados pelas autoridades de saúde, que estão "sobretudo concentrados na região de Lisboa e Vale do Tejo, concretamente na área metropolitana de Lisboa", detalhou a ministra da Saúde, Marta Temido, durante a conferencia de imprensa. São mais 99 doentes ativos que esta quinta-feira.
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A responsável pela pasta da saúde anunciou ainda que o país tem agora 161 surtos ativos, distribuídos geograficamente da seguinte forma: 107 na região de Lisboa e Vale do Tejo, 27 no Norte, 12 no Algarve, 10 no Centro e 5 no Alentejo.
Em relação à transmissão que cada infetado faz ao longo do tempo (traduzida no indicador RT), Marta Temido referiu - citando os dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) recolhidos entre 3 e 7 de julho - que, em média, cada infetado contagia outra pessoa. Ou seja, o RT nacional é agora de 1, "tendo subido ligeiramente", segundo a ministra. Está mais elevado na região Norte (1,12), depois no Centro (1,06), seguido de Lisboa e Vale do Tejo (0,98), do Alentejo (0,98) e do Algarve (0,81).
"Estes valores nacionais indicam, mais uma vez, que o número de novos casos a cada geração é aproximadamente constante o que mostra a necessidade de continuar a trabalhar", indicou Marta Temido.
85% dos novos casos em Lisboa e Vale do Tejo
342 dos 402 novos infetados (85%) têm residência na região de Lisboa e Vale do Tejo. Os restantes infetado estes estão distribuídos pelo Norte (mais 44) pelo Centro (mais nove), pelo Algarve (cinco) e pelos Açores (dois).

A localização dos novos casos por região é a análise mais detalhada possível de fazer a nível geográfico a partir do documento da DGS desta sexta-feira, uma vez que o relatório de situação "não inclui a atualização da imputação de casos aos concelhos", informa a própria DGS.
"A DGS está a realizar a verificação de todos os dados com as autoridades locais e regionais de saúde que ficará concluída durante os próximos dias", acrescentam no boletim. Segundo a ministra da Saúde esta atualização deverá estar concluída a 14 de julho.
Dois óbitos na região Centro
Quanto às duas vítimas mortais confirmadas no último dia, estas localizam-se na região Centro. O que significa que esta sexta-feira é o primeiro dia desde 20 de junho que Lisboa e Vale do Tejo não reporta nenhum óbito, depois de ontem ter registado todas as 13 vítimas mortais do país,
A taxa de letalidade global do país permanece nos 3,6%.
Portugal contabiliza 1646 mortes até hoje, sendo que destas 628 dizem respeito a pessoas que estavam internadas em lares, precisou a ministra da Saúde hoje. 296 morreram em lares no Norte do país, 168 na Grande Lisboa, 143 no Centro, 16 no Alentejo (a maioria relacionadas com um surto em Reguengos de Monsaraz) e cinco no Algarve.
Menos 16 doentes hospitalizados
Esta sexta-feira, estão internados 471 doentes, (menos 16 que no dia anterior). Nos cuidados intensivos encontram-se 66 pessoas com covid-19 (menos sete).
É o número de hospitalizações mais baixo desde o dia 28 de junho, data em que havia 458 infetados a ser tratados em ambiente hospitalar.
O boletim da DGS indica ainda que aguardam resultados laboratoriais 1626 pessoas e estão em vigilância pelas autoridades de saúde mais de 34 mil. O sintoma mais comum entre os infetados é a tosse (que afeta 36% dos doentes), seguida da febre (28%) e de dores musculares (21%).
"Portugal permanece como o quinto país da Europa que mais testes realiza"
Confrontada com a possibilidade de um abrandamento na capacidade de testagem do país, durante a conferência de imprensa, a responsável pela pasta da Saúde respondeu que essa é uma questão falsa. "Portugal permanece, de acordo com a Worldometer, como o quinto país [da Europa] que mais testes realiza", disse Marta Temido.
Desde o primeiro dia de março e até esta quinta-feira foram feitos um milhão e 316 mil exames de despiste da doença, sendo 6,1% destes testes realizaram-se em março; 26,4% em abri; 32,2% em maio; 26,8% junho e 8,5% já em julho.
"O país está a ter uma estratégia de testes a indivíduos sintomáticos e de rastreio a assintomáticos intensiva, alargada, com a participação de vários setores da sociedade e isso é algo que não pretendemos abdicar", afirmou a ministra da Saúde, que garantiu também que o país não enfrenta dificuldades relacionadas com a capacidade de testagem.
Suspensão das reuniões do Infarmed relacionada com "necessidade de completar alguns trabalhos"
Sobre a suspensão das reuniões no auditório do Infarmed onde especialistas faziam um balanço da situação epidemiológica do país à porta fechada perante políticos e parceiros sociais do Governo, Marta Temido falou na "necessidade de completar alguns trabalhos", sem deixar de dizer que a informação não vai ser interrompida.
Será disponibilizada sob a forma de relatórios onde continuarão a ser analisados fatores de risco, mas estes poderão ser partilhados publicamente. Está a ser estudada a possibilidade dos documentos serem publicados no site da Direção-Geral da Saúde dedicado à covid ou no portal do Serviço Nacional de Saúde.
Marta Temido acrescentou ainda que o Executivo continua também a proceder ao envio dos relatórios do estado de calamidade à Assembleia da República.
Orientações para grávidas inalteradas apesar de indícios de transmissão vertical
Ainda durante a conferência de imprensa, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse que as orientações para as grávidas se vão manter inalteradas, apesar dos indícios de que pode haver transmissão vertical de mãe para filho do novo coronavírus.
"Este conhecimento não altera em nada as recomendações que estão em vigor", apontou Graça Freitas, observando que a orientação da Direção-Geral da Saúde sobre o seguimento de grávidas já previa que no acompanhamento do parto haver a possibilidade de transmissão vertical. "Já existiam outros estudos que iam nesse sentido", acrescentou.
Cientistas da Universidade de Milão relataram ter encontrado o vírus SARS-Cov-2 em placentas, no cordão umbilical, na vagina e no leite materno de 31 grávidas internadas com o novo coronavírus.
Mais de 12 milhões de casos de covid no mundo
O novo coronavírus já infetou mais de 12,4 milhões de pessoas no mundo inteiro até esta sexta-feira e provocou 557 925 mortes, segundo dados oficiais. Há agora 7,2 milhões de recuperados.
No total, os Estados Unidos da América são o país com a maior concentração de casos (3 220 500) e de mortes (135 828). Em termos de número de infetados, seguem-se o Brasil (1 759 103), a Índia (798 128) e a Rússia (713 936). Portugal surge em 39.º lugar nesta tabela.
Quanto aos óbitos no mundo, depois dos Estados Unidos, o Brasil é a nação com mais mortes declaradas (69 254). Seguem-se o Reino Unido (44 602) e a Itália (34 926).
OMS não descarta transmissão pelo ar em espaços fechados, mas quer mais investigação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, esta quinta-feira, uma nova orientação na qual não descarta a possibilidade de transmissão pelo ar do novo coronavírus em espaços fechados e pouco ventilados, mas recomenda mais investigação sobre esta forma de contágio.
"A transmissão de aerossóis de curto alcance, particularmente em locais fechados específicos, como espaços cheios e mal ventilados por um período prolongado de tempo com pessoas infetadas, não pode ser descartada", pode ler-se na nova norma.
No documento, a OMS refere ainda, no entanto, que apesar de estudos indicarem a possibilidade de transmissão pelo ar neste tipo de ambientes, o contágio também pode ser explicado pelas gotículas e superfícies e por isso pede mais investigação.
Esta nova orientação surge na sequência de uma carta aberta de 239 cientistas de 32 países endereçada à OMS. Na missiva, é feito um apelo para que se altere as recomendações de proteção contra o covid-19, tendo em conta um conjunto de provas sobre a possibilidade das pessoas poderem ser infetadas através de pequenas gotículas suspensas no ar.