Covid-19 em Portugal. Número de internados é o mais elevado desde 30 de maio
Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais quatro pessoas e foram confirmados mais 266 casos de covid-19 (um aumento de 0,6% em relação ao dia anterior). Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta segunda-feira (29 de junho), no total, desde que a pandemia começou registaram-se 41912 infetados, 27205 recuperados (mais 139) e 1568 vítimas mortais no país.
Há, neste momento, 13 139 doentes portugueses ativos a ser acompanhados pelas autoridades de saúde, um número que aumentou pelo oitavo dia consecutivo.
A subir estão também os internamentos. Esta segunda-feira, estão internados 489 doentes, o que representa mais 31 que ontem - o maior aumento em quase dois meses. E é preciso recuar até ao dia 30 de maio para encontrar um número mais elevado de hospitalizações: 514.
No entanto, o secretário de estado da Saúde indicou, em conferência de imprensa, no ministério, que "não há sobrecarga". Nem na região de Lisboa e Vale do Tejo, a que "continua a inspirar mais atenção por parte das autoridades de saúde", continuou António Lacerda Sales.
Nos cuidados intensivos estão hoje 71 pessoas com covid-19, menos quatro que no dia anterior. A lotação deste serviço nos hospitais da Grande Lisboa é de 66%, "em linha com o resto do país que é de 65%", segundo o governante.
225 dos 266 novos infetados (85%) têm residência na região de Lisboa e Vale do Tejo. Tal como três dos quatros óbitos registados no último dia. O quatro encontra-se no Norte.
Os restante infetados distribuem-se pelo Norte (que apresenta hoje mais 25 casos), pelo Centro (mais seis) e pelo Alentejo (seis), pelo Algarve (três) e pelos Açores (um).
A taxa de letalidade global do país encontra-se hoje nos 3,7%, subindo aos 16,3% no caso das pessoas com mais de 70 anos - as principais vítimas mortais da pandemia.
O boletim da DGS indica ainda que aguardam resultados laboratoriais 1498 pessoas e estão em vigilância pelas autoridades de saúde mais de 31 mil. O sintoma mais comum entre os infetados é a tosse (que afeta 38% dos doentes), seguida da febre (28%) e de dores musculares (20%).
As equipas de saúde de Loures, Odivelas, Sintra, Lisboa e Amadora vão receber um reforço de profissionais de saúde, anunciou o coordenador do Gabinete Regional de Intervenção para a Supressão da Covid-19 em Lisboa e Vale do Tejo. Serão 80 profissionais, que começarão a chegar ao terreno ainda esta semana, especificou, em resposta ao DN.
"[As equipas] estão organizadas em termos de unidade de cuidados na comunidade, proteção civil, Segurança Social e apoio das forças de segurança, se necessário, para que seja efetivado o isolamento", disse Rui Portugal.
Já antes, o secretário de estado da saúde tinha referido que os médicos internos que vão reforçar a região são "provenientes de vários hospitais, em especial para trabalho em tempo parcial. Estão ainda em formação 40 internos".
António Lacerda Sales atualizou também os números referentes aos profissionais de saúde infetados - 3 143 - sendo que "mais de 80% dos profissionais que tiveram a doença estão de volta aos seus empregos".
Questionado pelo DN sobre a possibilidade de os profissionais de saúde não conseguirem tirar uns dias de férias depois do Centro de Saúde do Alentejo Central ter anunciado isso mesmo e de haver hospitais em Lisboa a discutir a questão, António Lacerda Sales disse que isso não está em cima da mesa.
"Férias dos profissionais de saúde não estão em causa. Há alguma margem de conforto para que uns possam gozar férias, enquanto outros se mantêm em serviço. O que não significa que não possa haver uma reorganização", respondeu.
O foco de infeção no serviço de hematologia detetado há duas semanas colocou médicos, enfermeiros e assistentes operacionais de vários serviços em isolamento. Desde o início da pandemia até esta semana, registaram-se 103 casos positivos à covid-19. A este número há ainda a associar mais 70 que se encontram em quarentena preventiva desde o surto no serviço de hematologia.
Uma situação que está a causar pressão aos serviços já que a maioria dos profissionais positivos, bem como em quarentena preventiva, são enfermeiros, o que, associado ainda ao facto de haver profissionais já em férias, está a obrigar a uma alteração das escalas e à transferência destes para outros serviços com falta de pessoal, nomeadamente hematologia.
Esta segunda-feira fará quatro semanas desde que começou a terceira e última fase do plano de desconfinamento nacional. Para muitos o mês de junho significou um regresso ao trabalho e à rua. Com ou sem ligação comprovada, o número de novos infetados diários aumentou neste período, sendo preciso recuar à penúltima semana de abril para encontrar sete dias consecutivos com mais casos. A semana de 22 a 28 de junho acumulou 2513 infetados. O que significa uma média diária de 359 notificações, destacando-se este domingo, como o dia com mais casos (457).
Face à semana anterior, estes números representam um crescimento de 2,8% nos novos infetados. Um aumento que tem sido aliás constante. Na segunda semana de junho (período de férias ou folgas para muitos, uma vez que a semana teve dois feriados) contabilizaram-se 1997 casos (em média, 285 casos por dia). Mas na terceira, confirmaram-se 2443 casos. Em média, 349 registos diários.
Na quinta-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançava o alerta: "a Europa viu um aumento em casos semanais pela primeira vez em meses", e continuam a ser comunicados cerca de 20 000 novos casos e 700 mortes por dia, apesar do velho continente apresentar "uma proporção cada vez menor dos casos globais".
O novo coronavírus passou a barreira dos dez milhões de casos no mundo inteiro no domingo e hoje contabiliza 504 757 mortes, segundo dados oficiais. Há agora 5,5 milhões de recuperados.
No total, os Estados Unidos da América são o país com a maior concentração de casos (2 637 077) e de mortes (128 437). Em termos de número de infetados, seguem-se o Brasil (1 345 254) e a Rússia (641 156). Portugal surge em 36.º lugar nesta tabela.
Quanto aos óbitos no mundo, depois dos Estados Unidos, o Brasil é a nação com mais mortes declaradas (57 658). Seguem-se o Reino Unido (43 550) e a Itália (34 738).