Viver Lisboa: mais trabalho, menos propaganda

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Diz o ditado que “em equipa que ganha não se mexe”. Mas Carlos Moedas desmantelou a sua equipa de vereação, trocando praticamente todos os que o acompanharam nos últimos quatro anos. Sob a máscara da renovação, está a assunção do enorme falhanço do seu mandato, com consequências desastrosas para Lisboa. Moedas foge às suas responsabilidades, atirando para os outros a culpa de um falhanço que é seu. Não vale a pena mudar equipas. Porquê? Porque quem tem de ser substituído é o próprio Carlos Moedas.

Um líder não se esconde. Por isso, lanço o desafio a Carlos Moedas para aceitar todos os debates frente a frente, tantos quanto os necessários ao cabal esclarecimento dos lisboetas. Estará Carlos Moedas disponível para isso ou vai esconder-se atrás de formalismos para evitar prestar contas e discutir soluções para a cidade?

Lisboa precisa de mudar. Esta eleição é sobre o futuro de Lisboa.

É uma escolha entre vitimização e coragem para decidir; entre encenações e capacidade de executar; entre desculpas e soluções; entre propaganda e trabalho competente; entre autopromoção e quem está verdadeiramente ao serviço da cidade.

Durante quatro anos, Carlos Moedas falhou nas áreas centrais da governação da cidade.

Na habitação, deixou Lisboa cada vez mais cara e inacessível para as famílias ao recusar medidas de limitação do Alojamento Local, ao reprovar propostas do PS para a eliminação de taxas urbanísticas na habitação acessível e para proteger as pessoas com mais de 65 anos em caso de despejo. As chaves entregues não correspondem, na sua larga maioria, a casas novas - e estas estavam quase todas em curso desde o mandato anterior.

Na mobilidade, multiplicou anúncios e vídeos, mas nada fez. Os autocarros da Carris nunca andaram tão devagar. A gratuitidade é apenas para alguns e não fez nem um quilómetro de faixas Bus. Resultado: carros e mais carros na cidade. Um caos no trânsito e uma cidade cada vez mais hostil para os peões, em especial as crianças (Lisboa ocupa o penúltimo lugar no ranking europeu de mobilidade urbana infantil).

No urbanismo e no espaço público, a cidade está mais suja, mais degradada, com parques e jardins descuidados e abandonados. Não existe estratégia para a cidade crescer de forma equilibrada.

Nas finanças, desperdiçou tempo e meios sem executar devidamente os fundos europeus, sobretudo na habitação e nos edifícios escolares.

Nas políticas sociais, a maioria de direita recusou, por pura cegueira ideológica, a proposta do PS para criar creches gratuitas. O Plano Saúde +65 (que o PS viabilizou) teve resultados medíocres. O abandono dos bairros municipais é um exemplo de total desleixo.

Moedas não assume as suas responsabilidades, mas é hábil a reescrever a história. Tentou transformar Carmona Rodrigues no “pai” do Plano Geral de Drenagem de Lisboa - quando este até criticou a solução - e esconde que recebeu o projeto pronto e o contrato adjudicado e celebrado pelo anterior Executivo. Limitou-se a manter o contrato - e, ainda assim, a obra está atrasada. Mas a verdade não cabe na narrativa mediática que procura construir.

E de narrativas mediáticas viveu todo o seu mandato. A cerimónia de batismo da tuneladora, a inauguração do Parque Papa Francisco num espaço que nada mais é do que um descampado ao abandono, as proclamações vazias, como fez quanto ao aumento de movimentos no aeroporto, deixando os lisboetas desprotegidos. Vídeos e mais vídeos no TikTok.

Mais imagem do que substância. Mais espetáculo do que execução.

Carlos Moedas teve todas as condições para governar: tempo, estabilidade (o PS viabilizou os quatro orçamentos), meios financeiros e fundos europeus sem precedentes. Ao fim de quatro anos, não há desculpas. O balanço é claro: Lisboa é uma cidade mais desigual, mais cara, mais caótica, mais degradada, onde é mais difícil viver.

Os lisboetas têm o direito a viver numa cidade mais limpa e cuidada, com habitação acessível, com melhor mobilidade e transportes públicos gratuitos, rápidos e fiáveis, com um urbanismo sustentável que valorize os bairros e o espaço público, com uma política de ciência e de cultura e com mais e melhores políticas sociais - creches gratuitas, refeições escolares de qualidade, idosos acompanhados, universitários apoiados, combate à pobreza. Uma cidade que seja inclusiva, verde, justa e inovadora. Uma cidade com esperança, ambição e qualidade de vida. Uma cidade para viver.

Candidata à Câmara Municipal de Lisboa pela coligação “Viver Lisboa”

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