“Uma única morte é uma tragédia, um milhão de mortes é uma estatística.”Joseph Stalin, político soviético(1878-1953) Inicia-se hoje, dia 23 de Setembro de 2025, a campanha de vacinação sazonal contra a gripe e a COVID-19 para a época 2025-2026. Uma data importante para todos os residentes em território nacional e, ainda, mais significativa quando se pretende substituir a ciência pela ideologia.Trata-se das duas infeções respiratórias com a maior carga de doença nos países mais desenvolvidos e para as quais existem vacinas de administração anual ou reforço vacinal. Os vírus são um alvo em constante movimento e esta permanente evolução, essencial à sobrevivência, advém de mutações que tornam ineficazes as imunizações anteriores. O mesmo acontece com a atualização periódica dos antivírus, do firmware e dos sistemas operativos dos telemóveis.A campanha contra a gripe desta época recomenda a vacinação de todas as crianças até aos 5 anos de idade, com gratuitidade até aos dois anos. Um passo gigantesco na proteção direta das crianças e na proteção indireta dos outros, em resultado da menor circulação e transmissão na comunidade. Em Portugal, a vacinação contra a COVID-19 atingiu valores máximos a nível mundial em 2021 e, desde então, as taxas de cobertura têm vindo a diminuir. Em 2023-2024 administraram-se 2 milhões de vacinas, das quais 70% nas farmácias, e em 2024-2025, cerca de um milhão e meio, com 55% nas farmácias. Necessariamente, a cobertura vacinal nos indivíduos com 60 ou mais anos de idade diminuiu de 56% para 45%. Mais de metade das pessoas optaram por não receber este acréscimo de proteção, este cinto de segurança pela vida. Torna-se, assim, determinante perceber as causas da menor adesão. A segurança da tecnologia RNA mensageiro subjacente às vacinas tem sido um dos fatores mais referido. Existem centenas de estudos sobre segurança e todos os artigos publicados em revistas científicas idóneas, sem exceção, confirmam a maior utilidade e benefício da vacinação. Sem nunca esquecer a atribuição do expoente máximo da ciência, o prémio Nobel da Medicina e Fisiologia aos cientistas responsáveis pela descoberta desta promissora tecnologia, em Dezembro de 2023. Que se saiba o prémio não foi retirado...Um outro fator identificado resulta da perceção errada que não são necessárias mais administrações devido às imunizações anteriores. Como foi referido, o vírus está em constante mutação e as vacinas precisam de ser atualizadas para manter a eficácia. Uma particularidade que só beneficia o vírus e prejudica os não vacinados. Por exemplo, em Julho e Agosto deste ano faleceram 203 pessoas por COVID-19, em Portugal. Não queira contribuir para estas estatísticas e muito menos ser uma tragédia prevenível, vacine-se com toda a segurança! Doutorado em Saúde Pública e membro do Conselho Nacional de Saúde Pública