A capacidade de reter médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) depende, em boa medida, da capacidade de atrair os médicos internos a fazerem a sua formação especializada no SNS e a permanecerem após o seu término. É sobre esse desígnio que versará o 1.º Encontro Nacional de Médicos Internos da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), a realizar no próximo dia 6 de abril, em Coimbra..O SNS é um dos pilares do Estado Social, todos concordam. Os médicos internos são um terço da força de trabalho do SNS, pelo que merecem ser devidamente valorizados e reintegrados na Carreira Médica. A importância dos internos e a atenção que lhes devemos dar, têm que ser consentâneas com a importância do próprio SNS..Apesar da sua relevância no terreno, os médicos internos são confrontados com uma responsabilidade que não se faz acompanhar de condições de trabalho dignas, além de verem a formação médica cada vez mais prejudicada por rácios de orientadores de formação e internos inadequados..Além disso, os internos são sujeitos a uma sobrecarga de trabalho assistencial, principalmente no internamento, e com milhares de horas de trabalho suplementar no Serviço de Urgência..Acresce que têm cada vez mais dificuldade no acesso e financiamento da própria formação médica, como participação em cursos e congressos, e em cumprirem com os vários itens previstos nos programas formativos. Assiste-se ainda a uma elevada taxa de burnout nos médicos internos e queixas por assédio laboral..Os médicos internos necessitam de ter tempo para reunir com o orientador de formação, para estudar e para conciliar o internato com a vida pessoal e familiar. É urgente que os médicos internos, conscientes dos seus direitos e deveres, se unam para a discussão de ideias, rumo a soluções para a crise vivenciada nos cuidados de saúde..Quando escolhemos como mote Discutir Para Construir para o 1.º Encontro Nacional de Médicos Internos, é precisamente isso que queremos fazer: afirmar uma agenda reivindicativa dos médicos internos, para que se torne evidente que é uma urgência dar-lhes voz e respostas concretas..É mesmo preciso cuidar de quem cuida para que quem cuida possa continuar a cuidar da saúde de todos os que vivem e trabalham em Portugal.