Esta é a minha última crónica antes da pausa para férias, regressarei em Setembro. No entanto, e apesar de continuar a trabalhar remotamente, já não estou em Portugal. Continuo a querer saber o que se passa no meu país, mas a distância dá-nos uma outra perspectiva.E não é boa. Todas as notícias que chegam têm aquele peso de que algo fica sempre por dizer e que é muito pior do que aparenta. A novela Centeno foi das mais confusas e caricatas que se poderia imaginar. Mais um que vai querer perfilhar-se para a presidência da República, já tínhamos poucos candidatos. A falta de noção continua. A saga da falta gestacional: o que diz o governo e o que dizem os partidos da oposição são o seu e o seu contrário. A histeria pelo pedido de autorização de residência de Nicole Kidman. A onda de calor que aterroriza Portugal, como em todos anos. Os incêndios que deflagram e engolem o país, como também, todos os anos. Porque isto continua? Não há força contra os lobbies dos incêndios? Ou o país é apenas refém de si próprio? Acordo comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos da América é aplaudido por uns, é de arrancar os cabelos por outros. Montenegro exalta o acordo. Nisto, vai ser difícil a Esquerda Socialista dizer algo contra: António Costa bateu palmas. E agora? Nova app e portal do SNS 24 registam problemas - mas será que esta notícia nunca muda? Adelaide Ferreira é candidata à Câmara de Lisboa, autárquicas ao rubro, quando redes de imigração ilegal são detectadas em 17 das 24 freguesias de Lisboa. Comerciantes da Baixa de Lisboa queixam-se de assaltos numa onda que não existia anteriormente. Pedem intervenção. João Cotrim de Figueiredo alerta para a organização extremista “Irmandade Muçulmana” que tem tido um crescimento assustador pela Europa. Mas claro, em Portugal, não deve haver nada disso. Mas ninguém sabe ao certo.Vendo de fora, Portugal está em ebulição, em chamas e a entrar numa espiral de confusão insana.No meio de tanta desgraça, um quadro de Josefa de Óbidos pertencente ao Palácio de Mafra foi restaurado e descobriu-se a sua assinatura. Lá está, a arte salva-nos. Boas férias. Professora auxiliar da Universidade Autónoma de Lisboa e investigadora (do CIDEHUS).Escreve sem aplicação do novo Acordo Ortográfico