Regresso às aulas: um olhar para o futuro da Educação

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Regressa hoje para milhares de famílias a rotina escolar. E é um início de ano letivo com discursos e retórica iguais ao final do que terminou em junho, com os principais responsáveis do setor da Educação a enumerar falhas e faltas (sindicatos e outras associações) e o Ministério da Educação, Ciência e Inovação a garantir que a situação nas escolas é melhor que anteriormente. Por exemplo, o ministro Fernando Alexandre, em entrevista à Antena 1, garantiu que “em 98%/99% das escolas os professores estão todos colocados, e os alunos vão ter aulas a todas as disciplinas”. E esta afirmação, a confirmar-se, é claro que é uma boa notícia.

Isto apesar de o próprio ministério ter reconhecido recentemente que há falta de salas para o pré-escolar, ao mesmo tempo que a adesão do setor privado ao apoio para disponibilizar vagas para o jardim de infância ficou aquém do esperado - mesmo pagando 15 mil euros por sala. Também no caso dos estabelecimentos sociais o objetivo do Governo está longe da expetativa.

Mas hoje gostaria de chamar a atenção para outros dados relacionados com a Educação em Portugal conhecidos esta semana e que devem merecer análise.

Comecemos pelo relatório anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Education at a Glance, que refere, por exemplo, que quatro em dez portugueses entre os 25 e os 64 anos só conseguem compreender textos curtos e simples, o que coloca o país entre os que têm mais baixos níveis de literacia. Além disso, quase 40% dos adultos não tinham concluído, em 2024, o Ensino Secundário.

Já o apoio da ação social não é eficaz, o que leva a que existam cada vez mais desigualdades no acesso ao ensino superior, pois há muitas famílias que até podem ser elegíveis para receber essa ajuda e não se candidatam devido ao desconhecimento das regras para tal.

Finalmente, é cada vez mais pertinente diversificar a forma de acesso ao superior e até a uma profissão. Por isso, Portugal tem de aumentar a aposta nos cursos técnicos superiores profissionais (CTeSP) criados em 2024. Segundo foi anunciado, o Executivo quer alinhar a oferta destes cursos com as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional. Esta poderá ser uma ótima ideia, que já vigora em inúmeros países, e até ajudar a reorganizar as necessidades profissionais do país.

Editor executivo do Diário de Notícias

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