Priorizar os riscos existenciais para a humanidade (I) - asteroides

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Estão identificados vários riscos existenciais para a humanidade: (i) alterações climáticas; (ii) risco de destruição do planeta por colisão de asteroides; (iii) armas de destruição massiva; (iv) inteligência artificial geral (AGI) superinteligente. 

Com exceção das alterações climáticas – relativamente às quais, apesar de atrasos e algum incumprimento (em parte devido a irrealismo), há conferências intergovernamentais, comités internacionais sob a égide da ONU, planos adotados com ações e metas pelos principais blocos económicos – é duvidoso que aos outros riscos existenciais seja dada a importância que deviam ter, atenta a sua natureza. 

É certo que a probabilidade de impacto por asteroides relevantes é de apenas uma vez a cada 10 mil anos para asteroides de 100 metros e de uma vez a cada 1 milhão de anos para asteroides de 1 quilómetro. Várias agências espaciais (NASA, Agência Espacial Europeia, Administração Espacial Nacional da China (CNSA), Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial, Roscosmos e outras) fazem, desde 1998, o rastreio permanente de “Objetos Próximos da Terra” (NEO) – i.e., corpos que cruzam a órbita da Terra e medem 140 metros de diâmetro ou mais – que podem representar uma ameaça de colisão com a Terra, utilizando telescópios poderosos e algoritmos avançados para rastrear a trajetória de asteroides e cometas. Em 2023, a China lançou o projeto “China Compound Eye” de 25 radares para ampliar as suas capacidades de deteção espacial. De acordo com a órbita de asteroides listadas na base de dados de NEO, não se prevê qualquer impacto nos próximos 188 anos. Porém, estão sempre a ser descobertos novos NEO (ex: o cometa 3I/ATLAS). No que respeita a estratégias de mitigação do risco de impacto, estão a ser exploradas várias abordagens para desviar asteroides em rota de colisão, incluindo: (i) impacto cinético: utilizar um míssil ou nave espacial para colidir com um asteroide e alterar a sua trajetória; (ii) explosivos: detonar explosivos para desintegrar ou desviar um asteroide; (iii) propulsão: utilizar tecnologias de propulsão para alterar a trajetória de um asteroide. Porém, só com a Missão DART (Double Asteroid Redirection Test), se desenvolveu uma missão para testar a capacidade de desviar um asteroide da sua trajetória; em setembro de 2022, a sonda DART colidiu com sucesso com o asteroide Dimorphos (um pequeno satélite do asteroide Didymos), alterando [um pouco] a sua órbita. Em setembro de 2025, a CNSA anunciou uma missão similar.  

É louvável a cooperação internacional já existente, mas muito necessita ser feito quanto à melhoria na deteção dos NEO com antecedência suficiente, bem como no desenvolvimento e teste de métodos eficazes para desviar asteroides da Terra. 

Consultor financeiro e business developer www.linkedin.com/in/jorgecostaoliveira

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