Portugal, Palestina – Chega, Sahara!

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Poderia acrescentar-se ao título, “tudo a destempo”! Porquê? Porque “a cena da Palestina” é a ironia cringe da condição humana, com dois predadores há 80 anos a morderem a boca um do outro, e a lógica que ganha quem morder com mais força!

Perante “o Biafra chamado Gaza” que nos tem feito pousar talheres com estrondo, enquanto mastigamos as imagens, O Estabelecimento, parece querer fazer tremer Israel com o “Festival da Canção”! Chamo “Estabelecimento” sobretudo à minha geração, agora in charge, quer no poder, quer na oposição, e estes últimos sempre vão de barco! Os outros, exemplo do CDS, que manifestaram achar “não ser oportuno e consequente”, o reconhecimento da Palestina, ao menos poderiam levantar a bandeira da Europa das Nações e começar com um “Live Aid – Galiza for Gaza”, para começar. De seguida, aplica-se a “psicologia para patos”, coordenado com mais duas regiões europeias, que dessem sequência temporal ao evento, ninguém quereria ficar de fora deste “Festival de Música”, que daria sentido à Europa das Nações, reforçando que a Paz Perpétua é possível!

Portugal reconheceu ontem o Estado da Palestina na Assembleia Geral das Nações Unidas. Há ruído de tratar-se da forma de garantir assento no Conselho de Segurança no biénio 2026/27. Melhor ainda, mas bom mesmo foi não ter sido um acto isolado, reforço do imperativo que é levar oxigénio à Palestina, sem aspas, que há dias vi uma miúda dizer com a boca “Deus salvou-me da morte cinco vezes, estou cansada”! Com os olhos pedia a quem a salvou, que a levasse, que lhe acabasse com o martírio e de preferência que fosse rápido. Não lhe viram a espuma a sair dos olhos?

Chega Sahara

Na terça-feira 16, o Chega apresentou projeto de resolução na comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, recomendando ao governo que “reconheça de imediato a soberania do Reino de Marrocos sobre o território do Sahara Ocidental e cesse toda a forma de contacto com a autoproclamada ‘República Árabe Saharaui Democrática’ (Frente POLISARIO), exortando-a a depor as armas e a participar com Rabat num processo negocial puramente pacífico”. Esta iniciativa, poderá redundar num não assunto, aquando da votação em plenário! Porquê?

Porque o governo de António Costa reconheceu o Sahara Marroquino em Maio de 2023 e o actual governo, garantiu o mesmo ao MNE marroquino, Nasser Bourita, em Julho passado, pessoalmente!

Caso o Chega queira colocar este assunto, até aqui, tratado de forma elevada, numa linguagem mais bélica, estará apenas a fazer o que fez na manifestação dos imigrantes junto à Assembleia da República, provocar faísca na desmobilização!

Politólogo/arabista; www.maghreb-machrek.pt; Escreve de acordo com a antiga ortografia

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