Os vilões da Marvel ou o wokismo em Lisboa
É sempre o mesmo a cada eleição autárquica: os candidatos tentam apresentar-se como os heróis necessários à edilidade. Lisboa não é diferente: de um lado, Carlos Moedas, que reúne 3 partidos – apresentado apoteoticamente. Por outro lado, Alexandra Leitão, numa frente-Esquerda para combater Moedas – não é para melhorar a cidade, atenção: é para combater um país “muito desequilibrado à direita”. Olha-se para aquele naipe de coligação e é a visão do inferno: Rui Tavares, Mariana Mortágua, Inês Sousa Real e, a encabeçar, a candidata socialista. Moedas, com estes adversários, nem precisa fazer nada. Basta existir e ganha isto no fim. Porque esta coligação não é mais que um quarteto de vilões das histórias da Marvel – são anti-heróis. Isto não é uma brigada de Esquerda; isto é o Esquadrão Woke em Lisboa. Vejamos: Rui Tavares, o capitão do revisionismo histórico, qual Magneto (uma das características é o poder da manipulação, bem como imanizar-se aos outros, qual lapa, digo, parasita, desculpem, digo, íman, colando-se). Andou anos a grudar-se ao PS, depois à Joacine e, finalmente, conseguiu ser uma espécie de Verdes socialista. Lá virá com as suas propostas revisionistas “e progressistas” para Lisboa, porque não há nada mais progressista que Rui Tavares – seja isso o que for. Depois temos Mariana Mortágua, ou melhor, Madame Masque – sim, mascarada, cujo um dos super-poderes é mudar a sua forma. Veja-se o discurso de defesa das mulheres. Imagino que dará a cara por todas, desde que não sejam grávidas ou lactantes porque, a avaliar pelo que aconteceu dentro do próprio partido, ficarão desamparadas. Grávidas de Lisboa, acautelem-se. E eis que surge a Black Cat, Inês Sousa Real, obcecada pela actividade sexual dos pombos e o seu estatuto jurídico na Assembleia Municipal de Lisboa entre 2017 e 2021, vai, com certeza, priorizar os animais às pessoas. Finalmente, Alexandra Leitão, a Mystique: critica “o radicalismo disfarçado de moderação” de Moedas, mas é uma radical disfarçada de moderada. Só que, com esta companhia, não engana ninguém. Querem repetir Jorge Sampaio, mas ele não era um vilão-woke. De fora, sem uma palavra, ficaram os Cidadãos Por Lisboa, que desde 2007 tinham acompanhado um PS moderado que, antigamente, dizia agregar “movimentos independentes e grupos de cidadãos”. Não são “Novos Tempos”, mas os tempos mudaram. Agora não há heróis Marvel, só Mar(a)v(i)el(ha) de Vilões...
Professora auxiliar da Universidade Autónoma de Lisboa e investigadora (do CIDEHUS).
Escreve sem aplicação do novo Acordo Ortográfico