Opinião pessoal (LX)
Passam 5 anos sobre o início da Pandemia de Covid-19 que a todos abalou.
Relembro que a sua designação foi, em Portugal, decalcada, sem retoques, a partir da expressão inglesa: covid-19. Ora, notemos que esta palavra é construída pela junção das primeiras letras de corona virus disease (doença do Coronavírus) e que o sufixo 19 assinala o ano da sua emergência em 2019.
A pandemia teve início em Wuhan, na China, que, justamente, passou a ser considerada como seu epicentro.
Qual terá sido a fagulha que viria a incendiar o mundo?
Em resposta, tentarei esclarecer o que então se passou, recorrendo aos conhecimentos científicos atuais.
Preciso.
Na viragem do ano de 2019 para 2020 surgiu, inesperadamente, uma nova infeção respiratória viral, com expressão epidémica, que começou por afetar os habitantes de Wuhan. Os cientistas chineses, desde cedo, apontaram a causa ao consumo de mamíferos exóticos, vendidos nos mercados como alimento muito apreciado pela população local. Admitiu-se, assim, a natureza zoonótica da doença que rapidamente se propagou para fora de Wuhan devido à facilidade em criar cadeias de transmissão quase imparáveis.
Admite-se que o vírus que deu início à doença humana se encontrava primeiramente armazenado em morcegos (reservatório) e que, a seguir, infetou mamíferos silvestres que foram expostos e vendidos nas bancadas dos mercados e, portanto, em contacto próximo com vendedores e compradores.
Entre a comunidade científica, apesar de numerosas pesquisas, não há, ainda, unanimidade na identificação desse animal selvagem intermediário entre morcegos e pessoas. Poderá ter sido o ouriço, o rato de bambu, o pangolim (mamífero coberto de escamas) ou outro. Não se tem a certeza absoluta.
O que se sabe pela certa é que a infeção viral “saltou” desses animais tropicais para as pessoas. Logo se percebeu a sua gravidade e adivinhou-se que iria galgar a Muralha da China através dos viajantes das linhas aéreas que ligam constantemente as cidades de todo o mundo.
Perante a gravidade da situação, em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou, formalmente, o princípio da Pandemia de Covid-19. Nessa altura, já a epidemia existia, simultaneamente, em todos os continentes. A ameaça era uma realidade a nível global.
Portugal organizou-se na perspetiva de conseguir ultrapassar obstáculos e fragilidades antigas das infraestruturas de Saúde Pública. O planeamento concebido para outras situações não tinha tradução na disponibilidade de recursos e meios necessários para serem mobilizados logo em Março.
(Continua)
PS: Alerto os leitores para a utilização fraudulenta da minha imagem em anúncios a medicamente divulgados pela internet.
Ex-diretor-geral da Saúde
franciscogeorge@icloud.com