Opinião pessoal (XCV) sobre mosquitos invasores

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Ainda sobre os riscos que os mosquitos representam para a saúde pública e para a economia, dedico a prosa de hoje à recente invasão de Portugal Continental pelo “tigre asiático”.

Interessa saber mais sobre os desafios que temos pela frente, até porque podem ser, em boa parte, evitados pela nossa própria atuação.

O mosquito é assim chamado por ser originário da Ásia e, em termos de imagem, por ter riscas brancas que fazem lembrar o aspeto dos tigres daquele continente. Para além dessa semelhança morfológica, só a perigosidade de um e outro pode ser evocada para explicar a designação de mosquito-tigre-asiático.

A respetiva denominação científica é Aedes albopictus. A expressão que indica o género deriva do grego: Aedes (desagradável, odioso). Já o nome da espécie tem origem no latim: albus (branco) e pictus (imagem, pinturas).

Ora, tal como aconteceu na Madeira com o Aedes aegypti, a espécie Aedes albopictus pode transmitir a febre de dengue, além de outras infeções (Zika, por exemplo).

Realço, antes de mais, que as infeções não são contagiosas, uma vez que apenas são adquiridas pela picada de mosquitos (desde que infetados). Por outras palavras, são doenças só transmitidas por mosquitos, sem haver o perigo de contágio de um doente para outra pessoa.

Estas espécies de mosquitos são classificadas como invasoras porque têm a capacidade de se instalarem e multiplicarem em regiões onde antes não existiam, muito provavelmente relacionada com as atuais alterações climáticas (aquecimento global).

A confirmação da invasão recente de vastas regiões europeias pelo mosquito-tigre-asiático é preocupante. Em Portugal, a Rede de Vigilância de Vetores, gerida pelo Instituto Ricardo Jorge e pela DGS, registou, até Outubro de 2025, a introdução de populações de mosquitos desta espécie em 29 concelhos, dispersos por todas as regiões do país.

Por esta razão, é essencial informar (alertar) as pessoas residentes nas áreas com mosquitos invasores para a necessidade de adotarem medidas individuais de proteção das picadas: redes mosquiteiras nas janelas e portas; utilização criteriosa de inseticidas domésticos; aplicação de repelentes; uso de chapéu e roupa com calças compridas e mangas de camisa; eliminação dos pratos dos vasos de flores para não reterem a água da rega.

A nível municipal, a colaboração Câmara-Unidade de Saúde Pública é decisiva para reduzir criadouros de mosquitos: drenagem de águas estagnadas, limpeza dos espaços urbanos e periurbanos para banir a acumulação de resíduos capazes de armazenarem água das chuvas (pneus, latas, vidros...).

Ações de controlo imprescindíveis.

(Continua)

Ex-diretor-geral da Saúde.

franciscogeorge@icloud.com

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