Opinião pessoal (XCI) sobre vacinação de pessoas adultas

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Tal como antes sublinhei, a vacinação não se limita ao calendário oficial para crianças proposto pela Direção-Geral da Saúde (DGS), uma vez que todas as pessoas em idade adulta (incluindo, as muito idosas) podem ser protegidas de doenças transmissíveis evitáveis pelas novas vacinas, recentemente licenciadas. Refiro-me a infeções respiratórias, quer de natureza viral quer bacteriana, bem como a outras doenças infeciosas como o herpes zoster.

Naturalmente, cabe ao Estado tudo fazer para assegurar o acesso universal a estas vacinas, na perspetiva em garantir o princípio da equidade. Como se compreenderá, a prevenção de doenças não pode ficar dependente dos rendimentos familiares de cada pessoa: ricos e pobres devem ser protegidos em condições de igualdade.

Se é verdade que apenas a gratuitidade da vacinação assegura o respeito absoluto por esse princípio, já o regime de comparticipação no preço pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), possibilitando a aquisição da vacina, na farmácia, é uma forma de atenuar iniquidades, ao baixar o custo no momento da compra.

A imunização para determinadas infeções, adiante discriminadas, conduzirá a maior longevidade individual associada a melhor qualidade de vida, conseguidas pela redução da incidência de doenças e do risco de morte prematura. Por outro lado, o Estado conseguirá a obtenção de lucros através da diminuição de gastos pela redução de internamentos hospitalares, de admissões em cuidados intensivos e em despesas inerentes aos tratamentos medicamentosos. Lucros esses que terão, necessariamente, reflexos positivos nas contas públicas e no crescimento da economia (PIB).

Assim sendo, todos ganham. Mais prosperidade. Inquestionável.

Em adultos, para além da atualização regular da vacina antitetânica e das vacinas sazonais contra a gripe e COVID-19 (ambas anuais), administradas gratuitamente aos inscritos no SNS, há outras vacinas inovadoras consideradas indispensáveis e especialmente indicadas para quem pretenda viver mais tempo e com qualidade.

Em outras palavras, diferir o final da vida é, agora, mais do que nunca, um objetivo alcançável através da imunização ativa que previne infeções provocadas por certos agentes patogénicos (alguns dos quais tidos como autênticos serial killers): vírus da gripe (sazonal ou zoonótica do subtipo H5); coronavírus da COVID-19; vírus sincicial respiratório (bronquiolites) e pneumococos (pneumonia, otite, sinusite e doença invasiva pneumocócica como a septicémia e a meningite). Está, também, disponível uma nova vacina para o vírus do herpes zoster (zona)

(Continua)

Ex-diretor-geral da Saúde

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