Como sabemos, a bússola indica os pontos cardeais à superfície do Globo: norte, sul, este e oeste. Foi inventada na China, há 1000 anos, como instrumento para ser utilizado em náutica, uma vez que a agulha magnética aponta o sentido dos pólos norte e sul.Por isso, na época de Colombo e Vasco da Gama, foi uma ferramenta de orientação indispensável para a expansão marítima. A famosa “rosa-dos-ventos”, em forma de estrela, então já introduzida, resultou da integração dos pontos colaterais: nordeste, sudeste, sudoeste e noroeste. Ainda hoje, é utilizada na navegação oceânica e aérea, bem como na leitura de mapas.Mas, se é certo que, em termos geográficos, a expressão Ocidente é clara ao representar o lado onde o Sol se põe (Poente), em oposição ao Oriente, correspondente à posição onde nasce (Nascente), já o mesmo não acontece no âmbito da geopolítica.Nos dias difíceis que agora vivemos, o Ocidente assume um significado muito mais complicado. A sua compreensão não é fácil. Na ausência da exatidão da agulha magnética, a bússola de base política tem, atualmente, interpretação duvidosa e até preocupante: situação associada à perceção do risco iminente de guerra nuclear. Uma angústia.Preciso.Em 1947, no ano em que nasci, os vencedores da II Guerra Mundial, já tinham acordado os desenhos das linhas fronteiriças que separavam, na Europa, Ocidente e Oriente. Na altura, a demarcação do Ocidente estendia-se até às fronteiras orientais da Finlândia, da República Federal da Alemanha, da Áustria e da Itália. Com exceção da Grécia, a Europa do Oriente equivalia à União Soviética, República Democrática da Alemanha, Polónia, Checoslováquia, Hungria, Jugoslávia, Albânia, Bulgária e Roménia. Assim permaneceu, dividida em dois blocos, até ao final de 1991: Ocidental e Oriental. Era o tempo da “cortina de ferro” que opunha dois lados, dois sistemas económicos e políticos e, também, duas alianças militares, que viviam em permanente “guerra fria”. Era a fase dos espiões e contra-espiões.O Oriente era comandado por Moscovo e o Ocidente por Washington. Nunca surgiu um líder Europeu para o Ocidente. Seguia-se uma política obediente aos interesses económicos, políticos e militares dos Estados Unidos da América, independentemente do presidente que ocupava a Casa Branca.Depois, em 1992, tudo mudou. O fim da “cortina” conduziu à emergência de novos estados. As fronteiras deslocaram-se. O Ocidente cresceu. A Europa Oriental passou a ser apenas a Rússia. Porém, em 2025, estranhamente, o Ocidente continua sem liderança, apesar dos desvairos da Casa Branca. Incompreensível.Ex-diretor-geral da Saúdefranciscogeorge@icloud.com