Os cabeças de cartaz louro shocking
Repararam nas cabeleiras dos dois, Donald Trump e Boris Johnson? O colorido e o espalhafato de ambos? Pois isso pode não anunciar nada de bom.
Pode vir a ser um verão terrível. E se, a 23 de junho, o referendo no Reino Unido escolhe a saída da União Europeia? Essa possibilidade ganha corpo depois de Boris Johnson ter anunciado, ontem, que vai fazer campanha pelo brexit. É o dirigente conservador mais importante que dá a cara por essa hipótese. E ele tem peso: é o mayor de Londres e é tradicional candidato à liderança do Partido Conservador. A sua decisão pelo brexit é um passo para ser sucessor de David Cameron.
E se, um mês depois, a 21 de julho, o Partido Republicano nomeia Donald Trump seu candidato para as presidenciais? Essa probabilidade, considerada anedótica ainda no ano passado, tornou-se maior com a vitória na Carolina do Sul, anteontem, a que se seguirá outra, amanhã, no Nevada. E nas 55 sondagens nacionais feitas este ano, só uma não deu a vitória ao extravagante empreiteiro.
Num só mês serão dois acontecimentos que abalarão o mundo. E o nosso mundo mais próximo, a Europa, ficará desarmada como projeto, com o brexit, e sob a proteção militar dum tarado, se Trump chega à Casa Branca. Esse mês de permeio assusta ainda pela coincidência: há cerca de um século (102 anos, para ser exato), do assassínio dum arquiduque, em Junho, passou-se à I Guerra Mundial, em Julho.
Trazer estas tragédias para aqui pode parecer exagerado. Eu não acredito em coincidências, pero que las hay, las hay... Donald Trump e Boris Johnson, fazem gala do mesmo falar inconveniente e são ambos nova-iorquinos, um de Queens e outro de Manhattan. Mas, sobretudo, são cabeças de cartaz com louro shocking. Tão louro e tão shocking a coincidirem na liderança da Grã-Bretanha e da América no mesmo momento histórico tem de ter algum significado. Se o penteado parece ser um sintoma, o problema é de raiz. Infelizmente uma cabeleireira não chega para o resolver.