O alemão que falhou e redimiu-se

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A bola vinha pelo ar, na grande área alemã. Com o profissionalismo da Volkswagen a fazer equipamentos antipoluição, ou até mesmo do Deutsche Bank a cumprir as suas obrigações, o alemão Boateng saltou com as mãos levantadas e a acenar. Um braço tocou na bola. Incrivelmente, não foram convocadas de imediato duas conferências de imprensa por Wolfgang Schäuble. Com este a dizer, numa: "Não estou preocupado com Boateng." E na outra: "O Pepe deve ser castigado, caso ele toque na bola com a mão numa próxima ocasião." O que aconteceu, porém, foi o árbitro apitar penálti contra a Alemanha. Parte da Europa, ou pelo menos a do futebol, ainda não está a funcionar com a submissão devida a Berlim e a Frankfurt. Coisas simples de entender, como as regras do futebol, e às claras, com um estádio a olhar, minam a natural superioridade teutónica. Ontem, por exemplo, mentes mais débeis poderiam ter pensado que a Mannschaft foi chata durante duas horas e, depois, falhou três, em cinco penáltis. Se viram isso, ou não têm televisores Telefunken ou não usam lentes Zeiss, pois a seleção alemã é dominadora, soberba e eficaz. Que mais não seja por definição. E há quem goste disso. Eu prefiro ver o bom futebolista Boateng fazer um erro parvo. E emocionar-me por vê-lo, a ele que quase fez cair por terra os seus com um penálti desnecessário, aceitar a necessidade de bater um dos penáltis que redimiram a sua equipa. Gosto de alemães despidos da sua definição.

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