Ode ao povo que passa

Publicado a
Atualizado a

Eu conto-vos senhores sobre um povo
Que vivia muito perto do mar
Que soube fazer frente a Moscovo
Mas que nunca se soube governar

Um povo a quem o medo controla
Tudo aceita a quem o mandar
Que se esconde atrás da viola
Na saudade, no fado, a chorar

Aos bandidos presta-se vassalagem
Aos corruptos não há quem se oponha
Aos governantes não têm coragem
De lhes exigir que tenham vergonha

Não há povo que tenha mais valores
Nem há terra melhor para viver
Só nos falta, digo-vos eu, senhores
A vontade de nunca mais sofrer

Acreditar em sua própria gente
Não deixar que os malandros dominem
Criar filhos muito mais competentes
Que, com o amor, o poder combinem

Que sejam eles os mais responsáveis
Que na sua vida possam mandar
Que não mais deixem de ser imputáveis
E com esta miséria parar

Façam Portugal para o futuro
Um país com população valente
País que valoriza quem é puro
Que olha com respeito sua gente

Um país de orgulho sem igual
Exemplo de convicção no mundo
País em que cada um é tal qual
Em que nunca tem lugar o imundo

É deste povo que a vós vos falo
Desta nação que tem quase mil anos
Que à dor, o seu fulgor foi buscá-lo
Que já antes fez frente aos romanos

Conseguir mudar tão forte cultura
É trabalho para uma nação
A uma sociedade madura
Entregar-lhe todo o coração

Eu conto-vos senhores sobre um povo
Que vivia muito perto do mar
Governado por gente sem decoro
Que nem sequer se sabe comportar

Governantes que não cumprem as leis
Que nunca se importam destratar
Que como em novelas, coronéis
Outros sempre acabam por culpar

A duzentos quilómetros por hora
Viajam sem ter preocupação
Se porventura é sabido fora
Ninguém responde pela condução

Em tempo de vírus e pandemia
Não houve quem quisesse responder
Ao que ficar em casa não podia
Como poderia sobreviver

Aos quatrocentos mil novos pobres
Que ninguém pensou sequer ajudar
Não há em um coração desses nobres
Um lugar para os acomodar

Aos políticos da oposição
A quem deveríamos acorrer
Só importa ganhar a eleição
Por nada se querem comprometer

Muitos encantadores milagreiros
Em Portugal vamo-nos confrontar
Tomamo-los sempre como primeiros
Quando apenas querem enganar

Mas a todos estes que nos maltratam
Tendemos a tentar compreender
São coitadinhos todos os que matam
E também os que devemos prender

Por isso esta carta vos escrevo
Confiando em poder ajudar
Entregando com todo o enlevo
Aquilo que se está a passar

É este povo que tanto merece
A quem sempre seguirei dedicando
O tempo, saber, a ação e prece
Para ter o seu próprio comando

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt