Esta semana, os mercados americanos oscilaram entre os receios de uma bolha na inteligência artificial e o alívio trazido pelos resultados da Nvidia. Antes da divulgação dos números, a correção nas tecnológicas e em vários nomes ligados à IA reforçou a ideia de que o setor poderia ter atingido níveis insustentáveis. Mas o trimestre da Nvidia surpreendeu em alta, ajudou a recuperar parte das perdas do Nasdaq e devolveu um tom mais construtivo ao setor. A volatilidade, porém, mantém-se elevada: os fundamentais parecem sólidos, mas os investidores estão mais nervosos e qualquer sinal de desaceleração pode desencadear vendas rápidas.No âmbito da política monetária, as minutas da Fed publicadas na quarta-feira funcionaram como travão para o sentimento do mercado. O comité do banco central está dividido e vários membros questionam a necessidade de um novo corte de juros já em dezembro, com a inflação ainda acima da meta e menos dados disponíveis após a paralisação parcial dos serviços estatísticos. As probabilidades implícitas de um corte em dezembro caíram e as yields do Tesouro mantiveram-se em elevados, lembrando que a taxa de referência dos EUA pode ficar parada mais tempo do que o mercado gostaria.O fio condutor dos mercados continua a ser a centralidade dos EUA. A queda inicial dos principais índices americanos no arranque da semana desencadeou correções sincronizadas na Europa e na Ásia, sublinhando que os mercados de capitais americanos continuam a definir o tom global. As criptomoedas prolongaram a queda da semana passada e a Bitcoin recuou para mínimos de vários meses, depois de ter perdido perto de um terço do valor desde os máximos históricos recentes. Para muitos investidores, a Bitcoin tornou-se o exponente máximo do apetite pelo risco, dada a correlação elevada com o Nasdaq e com outros segmentos tecnológicos. A correção atual das criptomoedas é tida como sinal de que a tolerância ao risco está a encolher e de que a liquidez já não é tão abundante como no início do ano. A combinação de resultados fortes da Nvidia, uma Fed mais relutante em cortar juros e um abalo de confiança nas criptomoedas deixou os investidores mais céticos, mas não os impediu de continuar a apostar na tendência de crescimento da inteligência artificial.