'Novilíngua' orwelliana na retórica de Trump
O rumo crescentemente autoritário de Trump tem criado receios de uma deriva para uma sociedade como a descrita por G. Orwell em “1984”.
Um dos pilares subjacentes ao “INGSOC” Orwelliano é a utilização de uma nova linguagem controlada, concebida para limitar a capacidade de pensamento crítico das massas. Vejamos alguns exemplos de Novilíngua no discurso de Trump e MAGA:
- “Fake news”: Trump usa a expressão para descrever as mídias que criticam ou questionam as suas ações, para criar uma narrativa de que essas mídias são desonestas e não confiáveis.
- “Deep State”: Trump e MAGA usam a expressão para descrever uma suposta conspiração de funcionários governamentais e burocratas que trabalham na sombra contra os interesses de Trump e do povo americano.
- “Globalistas”: termo usado por figuras de proa do MAGA descrevendo quem apoia a cooperação internacional e o comércio livre multilateral, para criar uma narrativa de que essas pessoas são uma ameaça à soberania americana.
- “Invasão”: Trump e MAGA usam o termo para descrever a imigração ilegal, para criar uma narrativa de que os imigrantes são uma ameaça à segurança nacional.
- “Lei e ordem”: Trump e MAGA usam a expressão para descrever as suas políticas de segurança pública, para criar uma narrativa de que a ordem pública está a ser ameaçada por criminosos e imigrantes.
- “Patriotismo”: Trump e MAGA usam o termo para descrever a sua própria visão política, para criar uma narrativa de que aqueles que deles discordam não são patriotas.
- “Paz através da força”: como se viu recentemente nos bombardeamentos ao Irão, a sugestão de que o poder militar [americano] pode ajudar a preservar a paz facilmente se torna “paz através da guerra”, i. e., “guerra é paz”.
- Termos como “vulnerável”, “refugiado”, “diversidade”, “transgénero”, “feto”, e expressões como “mudança climática”, “gases com efeito de estufa”, “baseado em evidências”, “baseado na ciência” e “nação de imigrantes” são vetadas. O ataque a universidades “elitistas”, o corte de verbas governamentais para investigação científica e a destruição de mecanismos de discriminação positiva a grupos marginalizados e vulneráveis, visam reforçar a polarização política e segurar a base MAGA mais primária, na linha do ensinamento “orwelliano” de que “ignorância é força”.
- “Integração de dados” [para vigilância massiva]: a pretexto da “segurança nacional”: Trump vai colocar sob controlo da Palantir Technologies Inc uma base de dados centralizada contendo informações privadas de cidadãos e residentes, fundindo o poder do governo com a tecnologia de vigilância privada e abrindo o caminho para uma ditadura digital catalisada por inteligência artificial – preparando a via para “liberdade é escravatura”.
Assim se vai introduzindo Novilíngua orwelliana nos EUA, a Nova Oceania.