Natal com união, esperança e humanidade

Publicado a

O Natal é, para os portugueses, muito mais do que uma data no calendário. É um tempo de encontro, de família, de memória e de valores que atravessam gerações. É a mesa partilhada, a casa cheia, mesmo quando é pequena, o abraço que conforta e a tradição que nos lembra quem somos. Mas é também, para muitos, um tempo difícil, marcado pela preocupação, pela ausência e pela luta diária para chegar ao fim do mês.

Em Portugal, há milhares de famílias que vivem esta quadra com angústia. Pais que contam cada euro para garantir um presente aos filhos. Idosos que enfrentam o inverno sozinhos, com reformas insuficientes para pagar medicamentos, aquecimento e alimentação. Jovens que gostariam de regressar a casa, mas que emigraram porque o país não lhes deu oportunidades. Esta é uma realidade que não podemos ignorar nem disfarçar com luzes e discursos vazios.

O Natal não pode ser apenas consumo, nem um intervalo ilusório num país onde tantas pessoas vivem em permanente dificuldade. O verdadeiro espírito natalício obriga-nos a olhar para o outro, a reconhecer fragilidades e a agir com responsabilidade e humanidade. A solidariedade não é um gesto simbólico de época: é uma atitude que se constrói todos os dias, com proximidade, atenção e compromisso.

Portugal tem uma identidade profundamente ligada à família, à comunidade e à entreajuda. Somos um povo que sempre soube resistir com dignidade, mesmo nos momentos mais difíceis. E é precisamente nesses momentos que os valores do Natal ganham verdadeiro significado: a união, a partilha, o respeito e o cuidado com quem está ao nosso lado.

Não podemos aceitar que haja quem fique para trás enquanto outros vivem confortavelmente afastados da realidade do país. A política, a sociedade civil, as instituições e cada cidadão têm um papel a cumprir. Ajudar não é apenas dar, é estar presente, ouvir, apoiar e não fechar os olhos. É garantir que ninguém se sinta esquecido ou invisível, sobretudo numa época que deveria ser de esperança.

Este Natal deve ser também um momento de reflexão coletiva. Sobre o país que somos e o país que queremos ser. Um país onde o trabalho seja valorizado, onde os idosos vivam com dignidade, onde as famílias tenham segurança e onde a solidariedade não dependa apenas da boa vontade de alguns, mas de uma verdadeira consciência nacional.

Apesar das dificuldades, o Natal continua a ser um tempo de esperança. Esperança de dias melhores, de mais justiça, de mais humanidade. Esperança de que saibamos preservar aquilo que nos define enquanto portugueses: a força da família, a proximidade entre pessoas e o sentido de comunidade.

A todos os que enfrentam este Natal com dificuldades, deixo uma palavra de respeito e coragem. A todos os que ajudam, apoiam e não viram a cara, deixo um sincero agradecimento. E a todos os portugueses, desejo que este Natal seja vivido com verdade, união e solidariedade.

Que não nos falte humanidade. Que não nos falte coragem. E que nunca nos falte a capacidade de cuidar uns dos outros.

Um Santo e Feliz Natal para todos.

Economista e deputado do Chega à Assembleia da República

Diário de Notícias
www.dn.pt