MNE britânico em Rabat declara apoio ao plano marroquino para o Sahara!

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Este 1º de Junho foi mais um “dia sem espiga” para Marrocos! Recebeu o ministro Britânico dos Negócios Estrangeiros, David Lammy, uma visita há muito esperada e especulada, no sentido do reino alauita capitalizar mais um apoio de peso na demanda pelo Sahara Marroquino!

De facto, ontem, foi assinado/apresentado na capital marroquina um comunicado conjunto, no qual o Governo do Reino Unido “considera a proposta marroquina de 2007, para um plano de autonomia para as províncias do sul, a mais credível e viável para a resolução da disputa”, pós-colonial, acrescentamos nós.

O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) marroquino, Nasser Bourita, conquista assim mais um apoio na frente diplomática (Reino Unido, membro permanente do Conselho de Segurança) e na frente do desenvolvimento económico do Sul, que corresponde também à nova prioridade atlântica (gasoduto Tânger-Nigéria e Porto de Dakhla-Porta de Entrada para o Sahel). A UK Export Finance já cativou 5 mil milhões de Libras para investimentos em Marrocos.

Outro factor a não negligenciar nesta posição britânica, é certamente verem e perceberem a evolução regional desde 2020, não dissociando Magrebe de África Ocidental e do Golfo da Guiné, enquanto “naco interdependente”, desde o Mediterrâneo ao Biafra! Veem e percebem também o farol regional em que Marrocos se tem constituído desde 1999, garantia de estabilidade numa CEDEAO (da qual não fazem parte) em espartilho, oportunidade para tomar a liderança desde Tânger a Lagos (na Nigéria). Marrocos será peça chave e motriz de uma putativa nova “MED-CEDEAO”.

Esta é também a aposta de Marrocos, consolidar-se enquanto pilar regional, com mão firme no Sahel, a partir do pé-de-apoio que Europa e Estados Unidos lhe poderão dar a partir do Atlântico.

Os britânicos vieram do norte com um olhar realista a sul. Portugal, com novo governo para breve, terá de novo oportunidade, sobretudo depois do apagão, de olhar a Sul, despido do preconceito histórico e ideológico, vendo em Marrocos um parceiro-solução e um novo começo em África, com quem não há amor-ódio e onde, sobretudo, há uma imagem do português, enquanto bom pirata, ou bom malandro!

Será 2026, ano de Mundial de Futebol, que nos vamos lembrar de 2030 e nas responsabilidades que isso implica? Um novo governo deverá definir que tipo de parceiro quer ser/ter a Sul. Se quer sentar-se na carruagem com os aliados de sempre, irrevogavelmente ao lado de Marrocos, ou impor uma “diplomacia meias-tintas em jeito de buffet, apenas picando o agridoce da espuma dos dias”?

Politólogo/Arabista

Professor do Instituto Piaget de Almada

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Escreve de acordo com a antiga ortografia

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