Manter a paz

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A última guerra de 1939-1945 - aqueles, com passado e futuro, cujo imaginado fim foi anunciado num "dia chamado de alegria e lágrimas" - começou a paz com o método das Duas Europas. Esta Europa foi uma nova forma de duas identidades, com o Muro de Berlim a servir de visível linha vermelha, com a segunda metade submissa ao poder e à ideologia soviéticos até à crise de 1989. A queda do Muro criou a ilusão que viria a mudar o rumo dos países, inscrevendo-se no novo período temporal, a queda do colonialismo ocidental, facto que inclui a guerra colonial portuguesa, mas esperando pelo fim do sovietismo que a mudança que ficou historicamente documentada no extrato, que viria a ser conhecido pelo histórico relatório de Khrushchev ao 20.º Congresso do Partido Comunista da União Soviética. No passado, governante inspirador, severo e dedicado a Estaline. Branko Lazitch escreveu, e dali não foi tardiamente conhecido, que aquela formalidade "tinha atingido monstruosas proporções, ele próprio desprovido da glorificação da sua personalidade".

No velho comentário de Branko Lazitch (1976), citando Relatório e Biografia de Khrushchev , conclui que "Estaline ali é elogiado e glorificado como igual a um deus..." Na parte ocidental, logo o Tratado de Roma (23 de março de 1957), a Comunidade Económica Europeia assumiu como missão criar um mercado comum, e aproximação sucessiva das políticas económicas dos Estados membros, o desarmamento harmonioso, estabilidade, e já então "a cooperação dos territórios ultrapassaram, em vista de fazer crescer as trocas e prosseguir um comum esforço de desenvolvimento económico e social". A vocação, o esforço, e a esperança eram o que ficou expresso na Carta da ONU e da UNESCO.
O líder atual da Rússia tratou de reservar a conceção solidária do povo estabelecendo a devoção à crença de que a Terceira Roma não cairá, defende os templos, assiste e participa nos atos religiosos, e até agora ainda não lhe foi atribuída a mesma impressão que se afirmou ser convicção de Lenine. Mas é evidente que diplomacia, tratados, ordem política internacional, autoridade do Conselho de Segurança e convicção dos povos, sobretudo dos que sofreram com as famílias e países, a duração da guerra de 1939-1945, destruições que sofreram compreendendo que a violência é a antecipação do fim, que os olhos se fecham sem ter visto, o menino que não chega a crescer, o rapaz que não pôde acontecer. Como desejo, um fracasso falhado. O fim conhecido. Um sangue derramado antes do tempo. Os Tratados de Minsk (2014-2015), que despertaram o fracasso da confiança e da ação diplomática de Macron, não foram cumpridos, os deveres da Carta da ONU foram esquecidos, os desconhecidos crimes não julgados pelo Conselho de Segurança, de que a Rússia tem hoje parte e responsabilidade pela sua prática, e o Conselho foi agora ofendido pela atitude de Putin na sua própria intervenção pessoal. A alegação russa de que a NATO é uma causa russa da sua inquietação tem na invasão, no bombardeamento crescente, da Ucrânia uma dispensável demonstração de que a NATO criticada possui o dever de segurança. Alguns dos encontros diplomáticos para avaliar se pensamentos e procedimentos da Rússia, em curso, tiveram anterior mostra e reconhecimento ou intenção oculta que parece indiscutível. A falta de lealdade e autenticidade não apenas com a Ucrânia como com a comunidade mundial faz crescer a atitude de reprovação da violação do direito internacional. Nesta infeliz data, os povos que segundo a Carta da ONU têm igual direito de viver na terra em liberdade veem que foi pela Rússia colocada em grande perigo a Ordem Militar. Tem informação e compreensão de que o perigo é geral, e não apenas da Ucrânia que está a solicitar e a receber a solidariedade da União Europeia. O chefe do Estado-Maior do Exército Português, general José Nunes da Fonseca, informa, no Jornal do Exército, que "importa encarar o futuro que se aproxima com suficiente motivação, mitigando os riscos e superando as adversidades. Fortalecendo-se os recursos e aproveitando as oportunidades. Demonstrando prontidão e determinação. Potenciando a formação, o conhecimento e a liderança. Estimulando o desenvolvimento, a modernização e a transformação digital. Reafirmando, continuamente, o seu compromisso para com a nação".

Os riscos são mundiais. Estamos longe da data em que, nas instalações da ONU, foi criada uma sala com organização significativa para meditação de todas as religiões. A consequência tem sido apenas a presença do Papa de Roma, pregando à Assembleia Geral a observação dos princípios da justiça sobre a terra. A invocação de Putin da Terceira Roma e tentando com ela a submissão da vontade do povo russo, é a criação de uma assumida violação do princípio de que a terra é a morada de todos os homens, e livres.

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