Estamos a um mês das eleições autárquicas, onde escolhemos quem vai liderar os nossos municípios e as nossas freguesias nos próximos quatro anos, e que têm um impacto direto no nosso dia-a-dia, desde a nossa casa à nossa cidade, passando pela nossa rua, pelo nosso bairro, pelos nossos lugares. A maneira como os lugares e as cidades são desenhados e governados condiciona diretamente a forma como os vivemos e como vivemos a nossa vida. Desde logo, se conseguimos ter casa, e uma casa digna. Depois, se essa casa está num bom lugar, com ruas seguras para se estar e para brincar, com comércio perto, bem servidas de transportes, perto do local de trabalho e de escolas. Se o nosso lugar nos garante as condições de saúde: salubridade, ar bom para respirar, silêncio, noites descansadas. Se o nosso lugar potencia estarmos inseridos numa comunidade, onde conhecemos os nossos vizinhos, onde temos praças e parques onde nos cruzamos e encontramos, onde sabemos que temos companhia. Se o nosso lugar acolhe novas pessoas e permite que façam parte da comunidade. Não é o que acontece em muitos lugares, com implicações enormes na qualidade de vida de tantas pessoas e famílias: tantos lugares de onde só se consegue sair de carro ou perdendo horas em caminhadas e em transportes públicos pouco frequentes - o que rouba tempo pessoal e em família. Tantos lugares onde o barulho à noite não deixa milhares de pessoas dormirem o sono que deviam. Tantos lugares onde a poluição atmosférica tem implicações graves em quem já tem a saúde mais frágil. Tantos lugares onde crianças e adultos estão presos em casa porque não há para onde ir, porque não há condições de mobilidade, aumentando a epidemia da solidão que tantas implicações tem na saúde e na felicidade de tanta gente. Tantos lugares onde grande parte da população não tem capacidade financeira de morar. E por isso, neste aproximar das autárquicas, é tão importante perceber qual é a visão e quais os objetivos que são defendidos por cada candidatura e em cada lugar. E, numa volta pelo país, percebe-se bem que há objetivos muito diferentes. Há quem queira “limpar” cidades inteiras e até há quem queira erradicar bairros. É uma mensagem fácil mas que esconde (mal escondida) uma visão autoritária e muito pouco preocupada com as pessoas em concreto. Esta ânsia miliciana, de vassouras e escavadoras na mão, só tem um objetivo: dar poder a quem tem as vassouras e a escavadora, sem consideração alguma pelas pessoas, pelas comunidades, pelo que faz a vida valer a pena. Mas há também quem sabe que é através da política local que melhoramos o nosso dia-a-dia e que construímos lugares onde é bom viver. E que sim, é possível erradicar, mas a pobreza, a fome, a solidão, a desigualdade e a injustiça, e que isso se faz construindo e cuidando dos bairros, dos lugares, das cidades, em conjunto com as pessoas que neles vivem. As eleições de dia 12 de outubro são também, por isso, sobre o nosso futuro e sobre a forma como queremos viver. Líder parlamentar do Livre